No meio do Cerrado, uma fábrica da Arauco vai parir uma cidade

A 330 quilômetros de Campo Grande, no interior do Mato Grosso do Sul, começa a tomar forma um empreendimento de casas modulares que funcionará como uma pequena cidade.
Em uma área de 200 mil metros quadrados, o Residencial Onça Pintada terá 5.335 casinhas de 14,4 m² e foi encomendado pela fabricante chilena de celulose Arauco para abrigar os trabalhadores que estão construindo a sua nova fábrica em Inocência, um município sem estrutura para recebê-los.
A unidade, que será a maior fábrica de celulose do mundo, está recebendo investimento de US$ 4,6 bilhões – o maior da história da Arauco – e foi batizada de Projeto Sucuriú.
Quem está tocando o residencial é a Opus Construtech, que diz que esta será a maior cidade modular do mundo. A área será dividida em cinco núcleos que vão funcionar como bairros, cada um com suas próprias quadras esportivas, refeitórios, centros ecumênicos e academias.
Projetos modulares como este têm sido alternativas para empresas que buscam fazer grandes construções em meio a dificuldades enfrentadas pelo setor: falta de mão de obra qualificada, custos altos de materiais e tempo longo de construção.
O que poderia demorar mais de quatro anos se feito de concreto levará apenas 12 meses, com pelo menos 40% da redução dos custos, e no modelo turn-key, em que a empresa contratante só precisa se preocupar em pegar as chaves na hora da entrega.
“O fator tempo é importante nisso tudo, porque há a possibilidade de a empresa começar um projeto dois anos antes do previsto,” disse o CEO da Opus, Felipe Ventura, ao Metro Quadrado.
“Com os módulos, conseguimos antecipar o business plan da empresa e viabilizar a geração de receita.”
Para dar conta da demanda por projetos como esse, a Opus alugou em 2022 um núcleo industrial em Betim, uma região fabril de Minas Gerais, e investiu em uma linha de produção com funcionários que já haviam passado por grandes montadoras, recorrendo também a robôs e transportadores automáticos.
Pelo seu modelo, a Opus já leva os módulos prontos para o destino, enquanto outras empresas constroem no próprio local.
O residencial que está sendo feito para a Arauco deve ser finalizado em abril de 2026.
No paralelo, a empresa chilena também contratou outro projeto habitacional voltado para os profissionais brasileiros e estrangeiros que vão trabalhar em Inocência quando a fábrica estiver pronta, que está sendo feito pela sua subsidiária TecVerde.
Trata-se de um condomínio de flats em formato co-living, com 140 dormitórios individuais de 25 m², distribuídos em quatro torres de dois andares. Áreas como cozinha, lavanderia e academia serão compartilhadas.
A primeira torre ficou pronta em maio, cinco meses após o início das obras, em razão da urgência da Arauco para alocar os primeiros times na cidade.
A estrutura dos flats executivos foi feita em light wood frame e concreto pré-fabricado, o que torna a construção quatro vezes mais rápida que a alvenaria.