Nos EUA, agora são os proprietários que correm atrás dos compradores

Depois de anos em que os proprietários de imóveis nos Estados Unidos se beneficiaram da demanda em alta, o jogo agora parece ter virado.
Em abril, o país registrou quase 500 mil imóveis a mais à venda no mercado do que compradores interessados – o maior descompasso desde 2013, de acordo com dados da imobiliária Redfin publicados pelo The Wall Street Journal.
A situação chegou a tal ponto que os proprietários começaram a oferecer ajuda de custo com a papelada para quem topar fechar negócio, além de reduzirem os preços, reporta o WSJ.
Segundo a Redfin, as vendas caíram em abril pelo segundo mês consecutivo, no pior abril desde 2009.
A demanda tem caído em um contexto em que os preços dos imóveis subiram mais de 50% nos últimos cinco anos, enquanto as taxas de hipoteca permanecem acima de 6,5% ao ano, afastando o sonho da casa própria para muitos americanos.
Já a oferta não para de aumentar porque os investidores temem que os preços caiam ainda mais nos próximos meses e tentam fechar uma venda antes de uma desvalorização maior.
O número de imóveis ainda está 14% abaixo da média pré-pandemia, mas já alcança o maior patamar desde 2019.
No Sudeste e no Sudoeste americano, que inclui Miami, o estoque de casas à venda já supera os níveis de antes da pandemia – com três imóveis para cada comprador.
E 24 das 100 maiores regiões metropolitanas do país registram queda de preços.
O cenário já se reflete em algum aumento de procura por parte daqueles que querem aproveitar a tendência de desvalorização.
De acordo com a Mortgage Bankers Association, houve um avanço de 20% nos pedidos de compra de hipotecas na primeira semana de junho em relação a igual período do ano anterior.
Não significa, porém, que o mercado vai viver um novo boom.
“Não parece que a demanda dos compradores vai voltar tanto assim,” Chen Zhao, diretor da Redfin, disse ao WSJ. “Os preços ainda estão altos demais.”