O pacote de Lula para estimular o crédito imobiliário para a classe média

O pacote de Lula para estimular o crédito imobiliário para a classe média
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Atendendo a pedidos das incorporadoras, o presidente Lula anunciou hoje um pacote de medidas para estimular o financiamento imobiliário para a classe média – hoje travado pelos juros altos e pela queda da poupança.

O anúncio mais importante é o fim da obrigatoriedade de os bancos destinarem 20% da poupança ao compulsório do Banco Central, liberando mais recursos para o crédito imobiliário. Durante um período de transição, o percentual obrigatório será reduzido a 15%, antes de cair totalmente.

Além disso, o BC vai derrubar a regra de que os bancos só podem destinar no máximo 65% dos recursos da poupança ao crédito imobiliário, dando mais autonomia para a alocação do capital.

Após a transição, as mudanças devem ter vigência plena a partir de janeiro de 2027.

A estimativa é que cerca de R$ 50 bilhões sejam liberados para o financiamento habitacional.

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Outra alteração é que o valor máximo do imóvel financiado pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH) subirá de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.

Para que as empresas possam captar recursos da poupança dentro do novo modelo, o governo determinou que pelo menos 80% desses valores sejam destinados a imóveis enquadrados no SFH.

As novas regras entrarão em vigor em 2026 e terão um período de transição até a consolidação completa em 2027.

Logo após o lançamento oficial, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, anunciou que o banco retomará o financiamento de até 80% do valor dos imóveis adquiridos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), impulsionado pela mudança nas regras de acesso ao crédito.

A medida é um aceno do Palácio do Planalto ao setor – que há tempos pleiteava o uso do depósito compulsório para o crédito imobiliário – e também à classe média, que será mais uma vez decisiva na eleição de 2026.

O presidente Lula atribuiu a criação do programa ao diálogo com o mercado. “Essa mudança nasceu de uma conversa que eu tive com o ministro Fernando Haddad e os presidentes do Itaú, do Bradesco, da Caixa e até do BTG, que pediram para usar 5% do compulsório,” disse o presidente no evento.

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Após o pedido, o governo e o Banco Central passaram a estruturar a nova política. “Esse programa foi criado para dar dignidade aos trabalhadores da classe média, para que eles possam financiar a casa própria,” disse Lula.

O anúncio da nova política contou com uma comitiva de ministros e a presença de nomes do setor financeiro e imobiliário, como o CEO do Itaú, Milton Maluhy, o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, o presidente do conselho da Plano & Plano, Rodrigo Luna, e o presidente da Febraban, Isaac Sidney. “O Itaú Unibanco priorizará a linha de crédito, de forma a contribuir para reduzir o déficit habitacional,” disse Milton Maluhy, ao Metro Quadrado.

Para Rodrigo Luna, que também preside o Secovi-SP, o novo modelo de crédito voltado à classe média deve dar um fôlego às incorporadoras que atuam nesse segmento – o mais afetado pelos juros altos.

“Esse movimento mostra a atenção do governo com a produção imobiliária e a capacidade de criar condições para que todos os estratos sociais tenham acesso ao crédito habitacional,” ele disse.

Segundo Luna, o sucesso do novo modelo dependerá, em grande parte, de uma queda dos juros nos próximos meses. “Ainda não é algo transformacional, porque o patamar de juros no País está muito alto. Mas é um movimento importante para, na medida do possível, minimizar seus efeitos,” ele disse.

Sobre o patamar atual da Selic, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que as mudanças estruturais propostas pelo novo modelo de crédito da poupança também terão um papel na redução dos juros no longo prazo. “Esse é o primeiro passo de uma mudança estrutural na nossa economia e no acesso ao crédito imobiliário,” disse o presidente do Banco Central. 

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