Os novos mercados da startup Charlie, a investida da Cyrela no multifamily

Os novos mercados da startup Charlie, a investida da Cyrela no multifamily
|

A startup Charlie, uma investida da Cyrela que atua no mercado de multifamily, está se preparando para desembarcar em duas novas capitais: Goiânia e Recife.

A empresa já tem acordos com incorporadoras locais para começar neste ano a fazer a gestão de blocos de apartamentos em empreendimentos nas duas cidades – seguindo o mesmo modelo que opera em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Allan Sztokfisz, cofundador e CEO do Charlie, diz que Goiânia e Recife entraram no radar depois de a startup ter sido provocada por investidores locais. Ao analisar as cidades, viu que as duas têm um mix atrativo de demanda corporativa e de lazer.

“A expansão para outras praças tem relação com nosso entendimento de que o crescimento do mercado se dará pelo País afora,” Allan disse ao Metro Quadrado.

Allan Sztokfisz okFundado em 2020, o Charlie faz a gestão de apartamentos comprados por investidores para estadias de curta e longa duração, para hospedagem ou moradia. São 3,5 mil apartamentos contratados, dos quais 2,5 mil operacionais, em parceria com mais de 50 incorporadoras e gestoras de fundos imobiliários.

A maioria das unidades é voltada para as curtas estadias, destinadas ao turismo. Nos contratos mais longos, atende quem pretende morar, como alguém que vai ficar por alguns meses na cidade para fazer um curso ou um tratamento médico, por exemplo, ou quer se mudar e precisa de um novo lugar.

Na soma dos ativos, são cerca de R$ 2 bilhões sob gestão. Para os próximos cinco anos, a startup quer chegar a 15 mil apartamentos e R$ 10 bilhões sob gestão.

O multifamily tem crescido no Brasil desde 2021, principalmente com unidades para o short stay, como mais uma alternativa ao setor de hotelaria tradicional, depois do boom do Airbnb.

O segmento se beneficiou principalmente do Plano Diretor de São Paulo, que estimulou a construção de estúdios no centro expandido, aumentando a oferta de unidades que servem também para a curta estadia.

Segundo dados da consultoria Brain, das cerca de 6 mil unidades em operação no Brasil no segmento de multifamily, 4,7 mil estão em São Paulo.

Isso significa que a barreira de entrada em São Paulo ficou menor, e qualquer investidor pessoa física pode ser um concorrente do Charlie, se anunciar o seu estúdio no Airbnb ou em outra plataforma – o que tem segurado os preços das tarifas.

A expansão para outras cidades é também um jeito de o Charlie reduzir sua exposição a essa concorrência na capital paulista.

A startup diz ainda que pode se diferenciar com a oferta de serviços mais premium, como tecnologia para fazer o check-in sem precisar passar por recepção e apartamentos mais bem equipados – fatores que em tese lhe permitem cobrar mais na diária ou mensalidade.

Parte dos seus clientes, segundo Allan, são companhias que mandam seus funcionários para viagens a trabalho, e o lado profissional do Charlie pesa a favor na escolha da hospedagem.

“O mercado ainda está em período de amadurecimento. Há uma mudança comportamental das pessoas e das empresas, e isso está fazendo a receita em geral crescer,” disse.

Um dos desafios da startup é não ter a gestão de 100% dos edifícios onde atua. Sem isso, não consegue oferecer ao cliente toda a experiência que gostaria. Apenas em São Paulo o Charlie tem prédios inteiros sob gestão.

Por ser mais difícil fechar acordos no mercado para operar edifícios inteiros, a alternativa ao Charlie para expandir é apostar em blocos de apartamentos. A empresa busca ter pelo menos 20 unidades em cada empreendimento.

Além de entrar em Goiânia e Recife, o Charlie está se preparando para expandir sua presença no Rio. Alguns prédios de parceiros na zona sul da cidade – Ipanema, Leblon, Botafogo e Copacabana – começam a ficar prontos este ano.

Siga o Metro Quadrado no Instagram

Seguir