Por que a Direcional deve antecipar parte dos dividendos de 2026

A Direcional deve antecipar para este ano a distribuição de parte dos dividendos previstos para 2026.
É o que projetam os analistas do Itaú BBA e do Santander após terem se reunido com os principais executivos da incorporadora e revisado as estimativas.
Para eles, a empresa deve aproveitar a liquidez extra que obteve com a venda de 15% da subsidiária Riva para evitar uma potencial taxação dos proventos em 2026.
A conclusão do deal com a Riza Asset por uma fatia adicional de 5% da Riva nesta semana trouxe uma injeção de R$ 151 milhões para a companhia.
O Itaú diz que essa liquidez deve possibilitar a distribuição de toda a reserva de lucro da incorporada antes que a proposta de taxação dos dividendos seja implementada.
A Câmara dos Deputados já aprovou um projeto de lei para cobrar uma alíquota de 10% de Imposto de Renda sobre os lucros e dividendos acima de R$ 50 mil mensais, mas a proposta ainda será analisada pelo Senado.
O Santander estima que a antecipação deve resultar na distribuição de R$ 1,2 bilhão neste ano — dos quais R$ 346 milhões já estão anunciados — e R$ 580 milhões devem ficar para 2026.
Já considerando a antecipação, o Santander estima um dividend yield de 10,5% para o restante deste ano e de 7,1% para 2026.
O banco reiterou a recomendação de compra e elevou o preço-alvo das ações da Direcional de R$ 16,70 para R$ 19.
Para o Santander, o papel traz uma combinação atrativa entre uma projeção de crescimento de 28% no lucro por ação, dividendos robustos e o potencial para expansão nos múltiplos à medida em que o ROE continue a se expandir no próximo ano.
No quesito lançamentos, os analistas elevaram as projeções em cerca de 4% e esperam um VGV de R$ 7 bilhões em 2025 e R$ 7,75 bilhões no próximo ano.
A alta se deve a um combo que envolve o pipeline de projetos já aprovados, considerado “robusto”, o otimismo da gestão com a capacidade do time de engenharia para uma nova rodada de crescimento e o impacto positivo da Faixa 4 do MCMV na Riva.
O banco também aumentou a projeção da margem bruta para 40% em 2025 e 40,6% em 2026 para refletir as condições mais fortes do programa habitacional e os custos controlados com matérias-primas.
Já o Itaú BBA reforçou a recomendação de compra e o preço-alvo de R$ 19,70 após um encontro com o CFO Paulo Sousa.
O banco estava menos otimista com a incorporadora no mês passado pelo upside potencial menor em comparação a outros nomes do segmento de baixa renda como Tenda e Plano&Plano.
Mas agora diz que a tese “está cada vez melhor” após ouvir que a gestão espera que as vendas acelerem no quarto trimestre e vê espaço para aumentar as operações nas praças em que a Direcional atua.
Em Belo Horizonte, Manaus e Brasília o crescimento é mais limitado, mas a velocidade de vendas é alta e o retorno é sólido, diz o banco.
São Paulo também permanece competitiva, enquanto o Rio de Janeiro e o Nordeste ainda estão atrás nas operações. Mas os executivos enxergam um potencial significativo nas duas regiões à medida em que a companhia ganha escala.
A tese é válida especialmente para o Nordeste, onde a operação será impulsionada por um acordo com a Moura Dubeux, líder da região, anunciada no mês passado.







