Por que o PIB da construção deve acelerar o ritmo em 2026

Depois de um 2025 frustrante para o PIB da construção civil, o ano de 2026 promete uma aceleração da economia do setor.
O Sinduscon-SP está projetando um crescimento de 2,7% para o PIB da construção no ano que vem, acima do ritmo de 1,8% estimado para 2025.
Os números, calculados pela FGV, consideram que 2026 será apoiado pelo início do corte de juros (a grande pedra no sapato de 2025), com melhora do crédito habitacional e pela continuidade dos investimentos em infraestrutura, depois de um ano em que as reformas das famílias ficaram em segundo plano por causa do custo financeiro mais alto.
O novo modelo de crédito habitacional dentro do Sistema Financeiro de Habitação — que passou a financiar imóveis de até R$ 2,25 milhões com juros limitados a 12% ao ano — e o aumento de renda disponível com a isenção do IR devem liberar espaço para retomada de obras e projetos residenciais.
E há ainda a recém-lançada Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, que deve estimular novos projetos por parte das incorporadoras.
“As empresas estão preparando produtos para Faixa 4 e acreditamos que vamos ter algum resultado positivo em 2026 justamente por isso,” disse Yorki Estefan, o presidente do Sinduscon-SP. “Vamos ter que acompanhar a efetivação dessa expectativa.”
No paralelo, as obras de infraestrutura devem ter um volume mais constante ao longo do ano, espera o Sinduscon-SP.
Boa parte dos investimentos previstos já está contratada, especialmente em saneamento, logística e rodovias, num modelo financiado por concessões privadas que não depende do orçamento público tradicional.
Em 2026, essa agenda deve ter um impulso adicional com o calendário eleitoral, que costuma antecipar desembolsos e entregas nos primeiros meses.
“Os governantes têm pelo menos até abril para fazer esses dispêndios e novas obras,” disse Eduardo Zaidan, o vice-presidente de Economia do SindusCon-SP.
O setor, no entanto, não vê ganhos imediatos de produtividade.
A industrialização da construção ainda enfrenta barreiras que tornam os custos maiores e os cronogramas mais longos, especialmente em produtos voltados à classe média.
Um dos entraves é a necessidade de adaptar projetos a códigos de obras diferentes em cada município, o que impede escala em processos repetíveis e limita o uso de sistemas padronizados.
“É como se fossemos uma indústria automobilística produzindo um carro para cada cidade. É um absurdo,” disse Yorki.
Segundo o Sinduscon-SP, há uma negociação em andamento para a padronização de regras no estado de São Paulo, com o objetivo de destravar investimentos e acelerar a industrialização, ajudando também a minimizar a escassez de mão de obra nos canteiros.







