O Grupo Leste não se cansa de Miami.

A gestora de ativos alternativos de Emmanuel Hermann está se preparando para construir um residencial para locação – conhecido como multifamily – de US$ 155 milhões na cidade que abriga sua sede.

O projeto se somará a dois outros que a Leste já está tocando em Miami. Ao contrário dos anteriores, que são voltados para o público de alta renda, o novo empreendimento aposta na classe média, com a tese de que o público da região está mais propenso a alugar do que a financiar uma compra.

Stephan de Sabrit, o managing partner do grupo, disse que com o juro alto dos Estados Unidos o gap de valor entre uma parcela de mortgage e o aluguel nunca esteve tão aberto.

“Está caro e difícil para comprar uma casa e a demanda por um empreendimento como esse é muito elevada,” ele disse ao Metro Quadrado.

No novo prédio — que será erguido em um terreno de 12 mil m² em North Miami, na famosa Biscayne Boulevard — o aluguel deve custar, em média, US$ 3 mil.

O objetivo é atender o público com uma renda familiar anual de US$ 75 mil a US$ 125 mil, considerado parte da classe média americana.

Com o empreendimento, a Leste está reforçando sua aposta em um segmento – o multifamily — que tem se mostrado aquecido no mercado americano. No ano passado foram entregues 450 mil novas unidades, número recorde de acordo com dados da CBRE.

Mesmo com o alto volume de lançamentos, a demanda ultrapassou o número de entregas e a absorção líquida positiva também foi recorde. Com isso, a vacância caiu para 4,9% no quarto trimestre, abaixo da média histórica.

Os dados da CBRE mostram ainda que o ritmo das construções começou a cair, o que deve ajudar a manter o equilíbrio entre demanda e oferta nos próximos anos.

“Criou-se um buraco enorme para os próximos dois anos com a falta de novas unidades chegando ao mercado,” Sabrit disse. “Isso vai gerar um forte movimento pró-proprietário do imóvel e vamos conseguir puxar um pouco mais o custo do aluguel.”

O novo multifamily do trio será incorporado pela Lore Development Group, joint venture formada pela própria Leste com o Opportunity.

Dos US$ 155 milhões estimados para viabilizar o projeto, a gestora investiu US$ 50 milhões em equity e buscará os US$ 105 milhões restantes no mercado.

“O mercado de dívida está voltando com tudo por aqui. Temos tido muitos bancos e fundos que batem na nossa porta e dizem que querem financiar projetos, algo que não acontecia nos últimos dois anos e meio,” ele disse.

Nesse cenário, a Leste espera levantar os recursos para financiar a construção e começar as obras ainda no quarto trimestre deste ano.

“Temos muito interesse por parte de outros investidores, não só brasileiros e americanos, mas de outras regiões da América Latina que querem entrar porque é uma construção muito rápida e padronizada de 24 meses.” 

O projeto prevê erguer um prédio de oito andares e 400 unidades. Para diferenciar o empreendimento de outros similares na região, Sabrit conta que as áreas de lazer e piscina estarão no rooftop. 

“Não tem nenhum grande prédio ao redor, então será possível enxergar a baía e o mar por cima de casas de milhões de dólares que ficam do outro lado da avenida,” ele disse.