Em NY, os ricos já aceitam morar Downtown

Havia uma época em que os ricos de Nova York só moravam acima da 57 e torciam o nariz para Downtown.
Not anymore.
Com a oferta de imóveis de luxo rareando em Manhattan, a demanda por alto padrão em Nova York começa a se deslocar para o sul, longe da tradicional Billionaires’ Row.
O movimento tem sido puxado por uma nova geração de profissionais que fizeram dinheiro com tecnologia e no mercado financeiro, e que agora estão de olho em apartamentos antigos e townhouses no sul da ilha.
“São jovens que gostam de postar foto de avocado toast no Instagram,” uma executiva brasileira que vive em Manhattan disse ao Metro Quadrado, em tom de brincadeira.
O principal interesse deles é morar perto do trabalho, em regiões onde estão as grandes empresas, em bairros como Brooklyn, Tribeca, Soho, e Greenwich Village.
Segundo a Corcoran Sunshine Marketing Group, o número de transações de imóveis residenciais acima de US$ 30 milhões nesta região mais que dobrou nos últimos cinco anos. Só nos dois últimos, os negócios somaram mais de US$ 1 bilhão.
A consultoria de real estate UrbanDigs, que listou os arredores do Downtown como uma das heating up areas da cidade para 2025, disse que o número de contratos assinados nas primeiras semanas do ano superou a oferta de imóveis — um desempenho acima da média de Manhattan.
A presença do jet set nova-iorquino na região não é exatamente novidade. Mas o movimento se intensificou nos últimos anos, puxado por bairros vizinhos como o Meatpacking District, que passou por um processo de revitalização urbana nos anos 2000.
A transformação atraiu gigantes como o Google, que instalou seu primeiro escritório no bairro em 2005. Em janeiro deste ano, a empresa dobrou a aposta com a abertura de uma nova sede no antigo St. John’s Terminal, nas proximidades do Meatpacking.
Um movimento semelhante tem se desenhado em São Paulo, com os lançamentos de luxo deixando os bairros nobres tradicionais — como Morumbi, Moema e até regiões fora da cidade, como Alphaville, em Barueri.
Sem ter uma Ilha de Manhattan para chamar de sua, a região mais desejada de São Paulo é o entorno da Av. Faria Lima, onde estão as grandes empresas.
Com a retomada do trabalho presencial, com mais força no setor financeiro, os compradores têm buscado morar nos arredores do Itaim Bibi, Jardins e Pinheiros — onde estão os lançamentos mais caros das incorporadoras na cidade.