MRV estima ‘impairment’ de US$ 144 milhões na Resia

A MRV&Co estima que terá uma perda contábil de US$ 144 milhões com a Resia, sua subsidiária americana focada em multifamily que está passando por uma mudança de estratégia.
A conta inclui uma geração de caixa de US$ 493 milhões na liquidação de ativos nos EUA.
A estimativa de impairment, publicada agora há pouco, era uma incógnita que pressionava os papéis da MRV na Bolsa, em comparação com outros players do setor. No primeiro trimestre, a MRV reportou um prejuízo de R$ 262 milhões, puxado pelo desempenho fraco da subsidiária.
A projeção de perdas ficou em linha com uma estimativa feita pelo Bradesco BBI, de US$ 140 milhões.
O CEO Rafael Menin diz que agora há “uma nova Resia”, com menos projetos, fim dos aportes da holding, queda no SG&A e uma “brutal desalavancagem.”
“A MRV vai se beneficiar diretamente dessa mudança e não vai aportar mais na Resia,” o CEO disse ao Metro Quadrado.
O índice atual de alavancagem das duas empresas deve ser divulgado nas próximas semanas.
O P/BV da MRV está em 0,56x e pode chegar a 0,65x ao fim do ciclo de desinvestimento e desalavancagem.
A reestruturação da subsidiária americana foi anunciada no fim do ano passado. Na ocasião, a holding demitiu o CEO Ernesto Lopez, reduziu o número de projetos e colocou parte do seu landbank à venda nos Estados Unidos.
“Como CEO da MRV, eu agora tenho que alocar parte do meu tempo na Resia, uma vez que a agenda dela está reduzida,” disse Rafael.
Desde então, a estratégia da construtora tem sido focar na entrega de até dois projetos por ano nos EUA, reduzir a dívida bruta e a alavancagem operacional, com lançamentos em Miami, Dallas, Houston e Atlanta.
“Nosso modelo agora é asset light, com algumas mudanças importantes: percentual pequeno em cada projeto, parceiros de equity, empresa enxuta e pouco capital alocado,” disse.
Seguindo o plano de desinvestimento, a subsidiária já vendeu US$ 117 milhões em ativos, ou 14% do total previsto de US$ 800 milhões. Outros 11 empreendimentos estão em negociação.
O impairment do segundo trimestre foi calculado com base nos dados dos ativos que serão vendidos abaixo do custo, a partir de avaliações de brokers independentes e informações de contratos já firmados — mas sem considerar a venda do empreendimento Golden Glades, que tem perspectiva de lucro, diz o CEO.
No primeiro trimestre de 2025, o patrimônio líquido da companhia era de R$ 6 bilhões, e a dívida líquida da Resia US$ 460 milhões. Com o impairment, o PL projetado cai para R$ 5,2 bilhões, e a dívida líquida recua para US$ 94 milhões.