Insegurança leva incorporadoras a parar venda de habitação social

A crise deflagrada em São Paulo pelas fraudes em habitações sociais construídas com incentivos está tirando apartamentos do catálogo de vendas de algumas incorporadoras.
Algumas das empresas dizem que suspenderam a venda de unidades com a alegação de que ainda estão inseguras com uma das medidas tomadas pela Prefeitura para combater as fraudes.
Depois que foram reveladas as fraudes, que consistiam na oferta dos apartamentos a investidores e não às famílias com renda que se enquadram no programa, a Prefeitura passou a exigir uma série de informações dos compradores, e estabeleceu tetos para os valores dos imóveis em todas as categorias do programa.
Para HIS-1, o teto é R$ 266 mil; para HIS-2, R$ 369,6 mil; e para HMP, o limite é R$ 518 mil.
Algumas companhias afirmam, no entanto, que não está claro se os novos tetos valem também para os empreendimentos lançados antes da mudança.
Para a categoria HMP (destinada a famílias com renda mensal de seis a 10 salários mínimos), por exemplo, havia incorporadoras projetando vender as unidades a valores que iam de R$ 600 mil a R$ 700 mil.
Durante a CPI da Câmara dos Vereadores de São Paulo que apura as fraudes, a incorporadora Habitram disse que interrompeu a venda de nove apartamentos maiores enquanto aguarda uma definição.
“Nós tiramos essas unidades de venda assim que saiu o decreto. Estamos aguardando uma maior segurança para saber se a lei vai retroagir ou não,” Antony Shayo, cofundador da Habitram, disse na sessão de hoje.
Depois do depoimento de Shayo, a vereadora Silvia Ferraro (PSOL), uma das mais ativas na CPI, disse que outras incorporadoras que passaram pela comissão estão fazendo o mesmo.
“Enquanto temos tantas pessoas na fila da moradia, temos empresas que simplesmente ficam com unidades habitacionais fechadas, esperando se podem vender a um preço maior. Isso é uma falha imensa desta política habitacional,” disse ela.
Ela disse que, enquanto há estoque travado, a cidade conta com 33,3 mil pessoas na fila da SEHAB, e 345,6 mil aguardando atendimento na COHAB.







