Escritório ‘prime’ nunca foi tão caro em Londres — e deve piorar

LONDRES — Alugar um escritório prime no centro da cidade nunca custou tão caro.
Com oferta limitada e procura aquecida por espaços sustentáveis, bem localizados e com amenities na volta ao trabalho presencial, City of London e West End registraram patamares recordes de aluguel em 2024, mostram dados da Savills.
A coisa anda tão disputada que a Citadel alugou no ano passado um espaço de 23 mil m² no número 2 da Finsbury Avenue que só ficará pronto em 2027.
Consultores imobiliários ouvidos pelo Metro Quadrado esperam que o pipeline de construções e remodelações seja impulsionado pelo mercado aquecido e a alta dos preços.
Enquanto isso, as empresas se digladiam pelos melhores espaços disponíveis.
O nível de vacância das principais zonas comerciais de Londres voltou ao patamar de 2020 no fim do ano — abaixo de 8% — o que indica que as grandes companhias estão finalmente conseguindo levar os londrinos de volta aos escritórios.
Mas as demandas dos locatários cresceram significativamente.
Para melhorar a experiência dos colaboradores, as empresas estão privilegiando ainda mais a localização dos edifícios, com preferência por aqueles próximos ao metrô e com grande oferta de serviços no entorno.
Prédios com amenities — como terraços, espaços para bicicletas e chuveiros — também passaram a ser mais valorizados; assim como aqueles com certificações de sustentabilidade, como EPC, BREEAM e NABERS.
Isso para não dizer que a maioria das companhias precisou buscar espaços maiores do que os que tinham, seja porque a operação cresceu ou para implementar mudanças na distribuição de áreas do escritório.
Tantas exigências em um momento de poucos lançamentos fizeram com que o aluguel prime na City of London subisse em média 7,5% em relação a 2023, para £ 1,1 mil por m² ao ano. O aluguel mais alto de 2024, de £ 1,3 mil por m², foi um recorde do distrito.
Em West End, diversas zonas como Covent Garden, Victoria e Chelsea também registram níveis de aluguel nunca vistos. Mayfair e St James foram exceções, mas o nível de vacância ali é de apenas 3.4% e os preços seguiram elevados, uma média de £ 1,7 mil por m².
A Savills estima que os preços de aluguel prime irão subir mais 20% nos próximos cinco anos, em linha com o número limitado de empreendimentos de ponta que serão entregues no curto prazo.
Entre os poucos que ficarão prontos nos próximos meses, o Finsbury Dials (20 Finsbury Street), da Goldman Sachs, será inaugurado ainda este ano; enquanto o One Liverpool Street (1 Liverpool Street), em desenvolvimento pela Aviva, deve estar pronto em janeiro de 2026.
Para a consultoria, o atual estado do mercado pode fazer com que empresas busquem edifícios um pouco piores em suas zonas de preferência ou expandam sua área de procura.
Ao sul do Tâmisa, a Hines deve entregar o The Round (18-20 Blackfriars Road, Southwark) em 2030.
Na foto acima, o 1 Liverpool Street, que tem previsão de entrega para janeiro de 2026.