Escritórios: vacância em SP é a menor em 5 anos

Depois de sofrer com uma debandada de inquilinos quebrando contratos na pandemia, o mercado de escritórios em São Paulo vive seu melhor momento em anos.
O setor fechou o terceiro trimestre de 2025 com a menor taxa de vacância dos últimos cinco anos, segundo o relatório da CBRE ao qual o Metro Quadrado teve acesso.
A vacância das lajes corporativas na cidade chegou a 17,6%, com um resultado ainda menor entre os edifícios do tipo triple A, de 11,9% – uma queda de 5 pontos percentuais em 12 meses.
Até o terceiro trimestre, São Paulo registrou no ano 612 mil m² de absorção bruta, impulsionada pelo flight to quality. Do total, 59% ocorreram em empreendimentos de padrão A e A+.
No trimestre, foram entregues seis novos empreendimentos, somando 20 mil m². No acumulado do ano, o novo estoque chegou a 107 mil m², com apenas um edifício classificado como triple A.
Segundo o diretor de locação, pesquisa e saúde da CBRE Brasil, Felipe Giuliano, o bom desempenho do trimestre reflete a consolidação do retorno ao trabalho presencial, que começou com pequenas e médias empresas e agora é liderado pelas corporações em busca de espaços mais amplos e modernos.
“Desde o segundo semestre de 2024 vivemos um período muito bom, com as grandes empresas voltando ao escritório. Muito do que aconteceu em 2025 é consequência disso,” disse Felipe.
Apesar do cenário favorável, o resultado poderia ter sido melhor, diz o executivo, não fosse o impacto dos juros altos na economia real, que já afeta a tomada de decisão de algumas companhias. “Além disso, um cenário pré-eleitoral também foi antecipado pelo mercado,” ele diz.
Com a Faria Lima consolidada em patamares mais altos, o flight to quality tem impulsionado o mercado de Pinheiros, região que registrou a maior queda de vacância nos últimos trimestres.
Diante da escassez de novos edifícios triple A na Faria Lima nos últimos dois anos, os imóveis desse perfil em Pinheiros viram a vacância despencar: de 38,8% em 2023 para 19,1% em 2024 e, agora, 2,5% – a menor taxa do mercado. “É uma tendência generalizada. Todo mundo quer estar na Faria Lima, mas não há mais espaço para grandes players,” disse Felipe.
Responsável por 42% da absorção bruta deste ano, a região da Marginal Pinheiros tem vacância de 12,4%, ante 16,9% um ano atrás. Já na Chucri Zaidan, a taxa caiu de 21% para 18,3% em 12 meses.
Embora o apetite das companhias esteja em alta, a oferta de espaço não deve crescer significativamente. As projeções da CBRE indicam que o ano deve terminar – e 2026 começar – com o mercado se aproximando de novos recordes de queda na vacância.
“O baixo volume de lançamentos de alto padrão reforça a tendência de redução gradual da vacância até 2026, à medida que a absorção se mantém positiva e o estoque se estabiliza,” disse.
O próximo ciclo de entregas de escritórios na região só deve ocorrer nos próximos dois ou três anos, impulsionado pelo último leilão de CEPACs da operação Faria Lima realizado neste ano.
Segundo Felipe, os dois primeiros trimestres de 2026 também podem se beneficiar das incertezas políticas e da pressão de custos para novas obras, levando companhias a antecipar decisões e fechar mais contratos.
“Em ano de eleição, o primeiro semestre é sempre mais forte que o segundo. E no ano que vem ainda teremos a Copa do Mundo, que costuma atrapalhar um pouco o mercado,” ele disse.