‘Incorporador está vendo que é hora de fazer escritório,’ diz a CEO da Newmark

O retorno das empresas aos escritórios está chegando a tal ponto que os incorporadores estão perdendo o receio de voltar a construir novos prédios corporativos em São Paulo, depois de anos de pé no freio.
É o que Marina Cury, a CEO da Newmark no Brasil, tem percebido em conversas com os investidores, que nos últimos anos deram mais atenção aos galpões logísticos, impulsionados pelo avanço do ecommerce, e aos empreendimentos residenciais de alto padrão.
“Está acendendo uma luz para eles de que é hora de fazer escritório, coisa que há cinco anos ninguém mais queria falar,” ela disse ao Metro Quadrado.

Ainda como resquício da desaceleração provocada pela pandemia, São Paulo está terminando 2025 com uma entrega de novo estoque bem inferior à média histórica.
Serão 154 mil metros quadrados de oferta adicionada, 37% abaixo da média anual da cidade de 242 mil m², segundo dados da Newmark.
Já a demanda apresenta a dinâmica inversa. No acumulado do ano até o terceiro trimestre, a absorção líquida atingiu 261 mil m², o dobro da média histórica para anos inteiros, de 128 mil m².
“Antes, havia apenas um ou duas demandas por ano de locação de espaços de mais de 10 mil m². Agora, isso está acontecendo com bem mais frequência,” disse Marina.
Além das empresas que estão fazendo um retorno gradual desde o fim do pandemia, há agora uma nova onda de companhias que resolveram reverter políticas de home office que estavam sendo tratadas como permanentes – com a justificativa de que a produtividade caiu.
“Muitas das empresas que devolveram seus espaços estão agora maiores e querem voltar, mas enfrentam dificuldade para achar escritório grande,” disse a CEO da Newmark.
Para as empresas que estão desistindo do home office, uma das soluções tem sido adotar dois dias por semana de presencial, porque assim é possível revezar metade da equipe ao longo de quatro dias, e deixar a sexta livre para trabalhar de casa.
“Isso está permitindo que as pessoas voltem a ter mesas fixas, em vez de compartilhar, algo que eu também não imaginava que fosse voltar a acontecer,” disse Marina.
Como o novo estoque ainda não está acompanhando a demanda, o nível de pré-locação para o que será entregue em 2026 já está elevado, adicionando pressão para novos projetos.
Segundo a Newmark, a projeção para o ano que vem é que cerca de 240 mil m² sejam entregues, em linha com a média histórica e retomando o nível de 2021, quando projetos iniciados antes da pandemia ainda estavam sendo finalizados.
“Mas a maioria do que será entregue em 2026 é de projetos que estavam represados e foram sendo adiados, enquanto a dinâmica de novas construções segue arrefecida,” disse Mariana Hanania, a head de inteligência e pesquisa de mercado da Newmark.
A pressão por novas construções deve se dar principalmente nas regiões mais nobres da cidade, como a Faria Lima, a JK e a Paulista, onde a oferta é restrita, enquanto regiões secundárias como a da Chucri Zaidan ainda têm prédios recém entregues para serem ocupados.
Na Faria Lima, se o inquilino não responder rápido em uma negociação, há uma fila de espera para fechar, diz a CEO da Newmark.
“Não dá para arriscar muito como se houvesse três ou quatro opções de espaços, como havia um tempo atrás,” ela disse.







