O Grupo Leste, gestora de ativos alternativos de Emmanuel Hermann, fechou um acordo para financiar a construção de um centro de distribuição da Tesla nos Estados Unidos.

O empreendimento será erguido na cidade de Reno, no estado de Nevada, no mesmo complexo onde fica a primeira gigafábrica da montadora de veículos elétricos de Elon Musk.

A empresa brasileira, que atua há mais de 10 anos no mercado imobiliário americano, vai financiar o ativo com US$ 73 milhões. O capital sairá dos US$ 250 milhões que acaba de levantar num aporte feito por uma seguradora.

A Tesla já havia anunciado em 2023 que iria expandir a planta, uma das maiores do mundo em fabricação de veículos elétricos. O CD será voltado para os caminhões da marca, os Semi.

Um dos objetivos da expansão é justamente dar suporte à primeira instalação de produção em alto volume dos caminhões de Elon Musk, ainda em construção.

Com o dinheiro da Leste, será construído um galpão de cerca de 60 mil metros quadrados, em um contrato de triple net lease. A modalidade é popular nos Estados Unidos e também é conhecida pela sigla NNN (net, net, net) porque o proprietário não arca com os custos de seguro, manutenção e impostos, que ficam a cargo do inquilino.

“Temos trabalhado nessa modalidade de contrato desde 2020 e crescemos muito nos últimos dois anos,” Stephan de Sabrit, managing partner do grupo, disse ao Metro Quadrado.

Só em 2024, a Leste fechou 58 contratos de triple net lease, que somaram US$ 324 milhões. Até agora, 14 desses empréstimos já foram pré-pagos com uma TIR média de 18,65%.

No caso da Tesla, o contrato de aluguel é de cinco anos e há outras três renovações também de cinco anos já previstas, elevando a duração total para 20 anos.

Já o empréstimo da Leste tem prazo de 24 meses a uma taxa de 9% ao ano. Mas a gestora espera que o retorno final chegue aos dois dígitos graças a um secret sauce que inclui em suas operações.

“Colocamos 1% de entrada e 1% de saída e cobramos também um mínimo de 18 meses de juros, por exemplo. Ou seja, um empréstimo que fiz a 9% ou 10% ao ano pode se transformar em uma TIR de 18%,” disse Sabrit.

Não será a primeira vez que a gestora de Emmanuel Hermann faz negócios envolvendo empresas de Musk. A firma já investe na SpaceX e entrou do consórcio de investidores que participou da compra do X (antigo Twitter) por US$ 44 bilhões em 2022 – investimento que depois se desvalorizou de maneira significativa.

Além disso, a Leste financiou a construção de uma concessionária da Tesla em New Hampshire, em um dos contratos de NNN.

Para este ano, a gestora tem outros US$ 750 milhões em operações desse tipo na mira. E já conta também com boa parte do financiamento necessário para atacar esse pipeline.

A seguradora que fez o aporte, segundo Sabrit, colocará mais US$ 250 milhões este ano. O investimento total, portanto, subirá para US$ 500 milhões, o equivalente a dois terços do pipeline da gestora.

O desembolso inaugural deste acordo será justamente para o financiamento do centro de distribuição da Tesla em Reno.

O ativo marcará também o primeiro investimento da Leste na cidade, que já foi conhecida como a capital dos jogos de azar dos Estados Unidos.

Após perder o posto para Las Vegas, Reno passou a chamar a atenção de grandes empresas como Amazon, Panasonic, Microsoft, Apple e Google, que levaram para a região suas fábricas, escritórios e data centers.