No mercado de escritórios, a Paulista está voltando

No mercado de escritórios, a Paulista está voltando
|

Como uma espécie de fênix do mercado imobiliário, a região da Av. Paulista está renascendo como um dos principais endereços corporativos de São Paulo.

Em dez anos, o estoque total de lajes corporativas na Paulista cresceu 37%, passando de 281 mil m², em 2015, para 385 mil m² no primeiro semestre de 2025, segundo dados da consultoria imobiliária Binswanger.

No meio do caminho, a taxa de vacância disparou na pandemia, mas agora está em queda, chegando a 7,8%, a menor em uma década, de acordo com dados da Binswanger.

Depois de ter perdido para a Faria Lima o posto de endereço preferido dos bancos, status que ostentou nos anos 1990, a Paulista agora vem se consolidando como o destino do “médio clero”, com grandes empresas levando parte das operações de backoffice para localizações mais baratas.

O setor financeiro segue como um dos principais ocupantes da Paulista, com nomes como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Safra, mas há também a presença de players de coworking, como o WeWork e a GoWork. 

Com a demanda em alta, o preço médio do metro quadrado negociado na Paulista subiu de R$ 124,67 no primeiro trimestre para R$ 136,31 no segundo trimestre, um avanço de 9%.

E a expectativa do mercado é de que o preço continue subindo, seguindo a mesma dinâmica de bairros como Pinheiros, que estão em um movimento ainda tímido de catch up em relação à aquecida Faria Lima, onde os preços já chegam a R$ 400 em alguns casos e sobra pouco estoque para novos inquilinos.

“Há três anos, o preço médio pedido em Pinheiros era entre R$ 120 e R$ 130 por metro quadrado. Agora, já há ativos negociados a R$ 180/m² – o que deve ocorrer em breve na Paulista,” Ricardo Raoul, diretor geral da Paladin no Brasil, disse ao Metro Quadrado.

Outro fator que pesa a favor da Paulista é o fácil acesso para funcionários, com várias estações de metrô distribuídas pela avenida e boa oferta de linhas de ônibus.

Executivos dizem que isso tem sido determinante na tomada de decisão do senior management das companhias que escolhem alocar total ou parcialmente suas operações na região.

Para Paulo Izuka, gerente de inteligência de mercado da Binswanger, o principal gargalo do setor de escritórios na av. Paulista é a escassez de empreendimentos novos, do tipo A e A+.

“Nesse aspecto, a Paulista tem um estoque mais antigo, que acaba competindo com prédios mais modernos em Pinheiros e na Rebouças,” diz.

A saída de alguns endereços tem sido o retrofit. Mas o custo de uma reforma estrutural precisa ser avaliado caso a caso, dada a situação dos empreendimentos, a localização, os modelos de planta e o custo de uma obra dessa monta – hoje pressionado pela inflação.

10 16 Fernando Bottura ok

“Como não há terreno para expansão, começamos a ver esse estoque B tentando se transformar em A e A+,” diz Paulo, que complementa: “Pode haver um custo alto para encontrar um prédio na Paulista que esteja apto a um retrofit que gere, de fato, um upside no preço cobrado por metro quadrado para o investidor.”

A GoWorking — marca que pertence à GoCorporate — negocia mais duas unidades na Paulista, que devem passar por retrofit e ser transformadas em coworkings.

 “Acreditamos em um aumento de 15% a 20% nos preços, com a redução da vacância puxada por esse movimento de empresas que estavam na Faria Lima e agora trazem suas operações para a região da Paulista,” ele disse ao Metro Quadrado.

O reaquecimento da Paulista também esquenta seus arredores, atraindo novos investimentos. Um dos exemplos é o Passeio Paulista – empreendimento multiuso da Brookfield e Fibra, na Consolação.

“A região da Paulista nunca perdeu sua atratividade e ainda é um dos endereços mais desejados do mercado corporativo,” Hilton Rejman, o presidente executivo da Brookfield Properties, disse ao Metro Quadrado.

Guilherme Meira, diretor da CBRE, vê um crescimento contínuo na ocupação da Paulista nos próximos trimestres, com os ocupantes buscando projetos com foco em eficiência, certificações ESG e flexibilidade de uso, mas a preços mais atrativos que a Faria Lima.

“É um movimento que reflete a resiliência da região,” diz Guilherme.

Siga o Metro Quadrado no Instagram

Seguir