Novo portfólio turbina lucro do Iguatemi, mas juros pressionam a dívida

A reciclagem de ativos do Iguatemi turbinou os ganhos da companhia da família Jereissati no segundo trimestre, apesar de os juros elevados terem elevado as dívidas e impactado a geração de caixa.
O lucro líquido da administradora de shoppings saltou 174% na comparação anual, para R$ 209 milhões – e impulsionado pelo ganho de capital com a venda de R$ 500 milhões em participações no Complexo Market Place, em São Paulo, e no Galleria Shopping, em Campinas. O resultado supera o consenso de mercado, de R$ 117,5 milhões.
No critério recorrente, que não inclui o ganho com as vendas, o lucro líquido teve um crescimento menor, de 2,8%, e ficou em R$ 109,6 milhões.
Impulsionada principalmente pelos novos ativos do portfólio, os shoppings Rio Sul e Pátio Paulista, as vendas do tri atingiram R$ 6,3 bilhões, com uma alta de 27,4%.
“A entrada de shoppings mais fortes e a venda dos mais fracos levaram nossas vendas por metro quadrado a seguirem nos melhores níveis dos últimos dez anos,” o CFO Guido Oliveira disse ao Metro Quadrado.
Já o fluxo de caixa operacional (FFO) recorrente recuou 8,2% ante o segundo tri do ano passado, para R$ 141,2 milhões.
Segundo Guido, o indicador cresceu em termos nominais, mas foi impactado na base anual pela Selic gorda — que encareceu as despesas financeiras e a alavancagem tomada pela companhia para bancar as aquisições.
“Nosso modelo depende de capital intensivo, então temos sempre dívida líquida. Ainda assim tivemos uma alavancagem de 1,9x dívida líquida/EBITDA no segundo tri,” disse o CFO. A meta da companhia é manter o indicador abaixo de 2x em 2025.
Junto com os resultados do trimestre, a companhia também anunciou que concluiu a venda de uma fatia do Pátio Paulista à Funcef por R$ 244,5 milhões, em um operação que já estava prevista no acordo de compra do ativo pelo Iguatemi.
Considerando o nível atual de performance do portfólio e as perspectivas macro, a companhia não deve vender ou comprar participações em novos ativos no segundo semestre, disse Guido.
“Estamos sempre olhando o mercado, mas em termos de reciclagem de capital o Iguatemi já fez o que tinha que fazer.”