Rio Bravo não consegue captar e desiste de aumentar fatia no Pátio Higienópolis
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A inversão do cenário de juros fez mais uma vítima.
A Rio Bravo cancelou uma oferta pública de cotas que faria para aumentar a participação no shopping Pátio Higienópolis, depois de perceber pouco apetite dos investidores, diante da Selic em alta.
A Rio Bravo já tem 25,7% do ativo e pretendia aproveitar o seu direito de preferência para comprar parte das ações da Brookfield postas à venda. O avanço sobre o shopping, considerado um dos mais rentáveis do País, era visto como uma oportunidade única pela gestora.
A emissão seria feita por meio do FII SHPH11, veículo que detém a participação atual, e a intenção era levantar R$ 400 milhões.
A oferta foi lançada depois de a Brookfield anunciar no final do ano passado que havia fechado um acordo para vender suas fatias no Pátio Higienópolis e no Pátio Paulista por R$ 2,6 bilhões para o Iguatemi e fundos da XP, BTG, Banco do Brasil e Capitânia.
A Rio Bravo, no entanto, tinha o direito de preferência no negócio, na proporção de sua participação, e havia decidido comprar até 14,77% adicionais do Pátio Higienópolis, o que elevaria sua participação para 40,46%.
Anita Scal, sócia e diretora de investimentos da Rio Bravo, disse em comunicado que esse aumento seria “muito importante para o longo prazo e governança do empreendimento,” descrito por ela como um ativo “icônico e de excelência.”
Em janeiro, os cotistas da gestora aprovaram a oferta para a emissão de novas cotas, mas a baixa procura dos investidores inviabilizou a operação.
“Infelizmente, a janela do mercado fechou completamente para esse tipo de estratégia e trouxe volatilidade pras cotas do fundo,” ela disse.
Hoje o SHPH11 negocia na bolsa com um desconto de cerca de 7% em relação ao seu valor patrimonial.
Sem demanda para a captação, a Rio Bravo fechou um acordo para vender o direito de preferência. A operação deve render um prêmio de cerca de R$ 20 por cota — o equivalente a 2,1% ao mês, nas contas da gestora — a ser pago integralmente após a conclusão do deal.
O nome do comprador não foi divulgado.
A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa, também é dona de 30% do ativo e vai exercer o seu direito de preferência, mas ainda não revelou qual será o tamanho de sua participação.
Já na outra ponta da transação, onde estão a Iguatemi e os fundos imobiliários, a tendência é que a XP não aumente o seu cheque, pois seu FII de shoppings está com pouco caixa disponível além do já alocado na transação.
Uma fonte a par do assunto considera que há possibilidade de que a própria Iguatemi coloque mais dinheiro na transação ou que traga um novo player para compor o consórcio.