Shopee bate 1 milhão de m² em CDs com chegada a Porto Velho

Operando há quase cinco anos no Brasil, a Shopee acaba de desbravar mais uma capital distante dos grandes centros de consumo.
Decidido a ter a maior capilaridade possível no País, o marketplace asiático agora tem um centro logístico em Porto Velho, Rondônia, chegando à marca de 1 milhão de metros quadrados dedicados a operações logísticas.
Com a nova unidade, a Shopee passou a ter operações logísticas próprias em 23 dos 26 estados e no Distrito Federal – reforçando uma aposta do mercado de galpões em descentralizar os ativos para além do Sudeste.
Impulsionadas pelo crescimento do ecommerce, as gigantes do setor perceberam que precisam “avançar para o oeste” em busca de novos endereços para escoar seus produtos com mais velocidade.
Em vez de operar com grandes CDs em cidades como Extrema ou Cajamar, as empresas têm dado preferência a unidades menores em lugares menos óbvios.
Além da chegada a Porto Velho, a Shopee concluiu a expansão da sua operação em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
Segundo o head de expansão da Shopee, Rafael Flores, os investimentos não apenas encurtam os fretes, mas também geram ganhos financeiros para o marketplace, já que as operações logísticas são também serviços que fornecem aos sellers.
Cerca de 90% das vendas na plataforma são feitas por sellers brasileiros, que muitas vezes precisam de espaço para armazenar os produtos vendidos e pagam à Shopee por isso, além da entrega.
“A logística deixou de ser um custo e passou a ser um diferencial de negócios para a companhia. Nós entendemos que era difícil ter qualidade de serviço e avançar no setor sem dominar a parte logística,” Rafael disse ao Metro Quadrado.
No ano passado, segundo dados da consultoria Binswanger, a Shopee ultrapassou a Amazon em ocupação de galpões, mas ainda está distante do Mercado Livre, que lidera com quase 2 milhões de m².
Hoje, a Shopee tem 12 centros de distribuição, entre os modelos de cross-docking e fulfillment, além de mais de 150 hubs de first mile e last mile em operação no Brasil, em acordos de built-to-suit ou locações tradicionais.
A empresa só não está presente nos estados do Acre, Amapá e Roraima, onde atua por meio de parceiros de entrega, como os Correios e outros players do mercado. Por enquanto, um centro próprio nesses endereços não está no radar.
Sem antecipar quais serão as próximas regiões a receber investimentos, Flores disse que tem analisado o perfil demográfico de cada lugar, mas que não há uma receita de bolo que possa ser repetida em todas as regiões.
“Esse constante movimento de recalcular rotas se deve, em parte, ao tamanho do País e às diferenças de consumo entre as regiões,” ele disse.
Essas escolhas de localização, no entanto, podem vir acompanhadas de desafios para a gigante do marketplace.
Recentemente a companhia não conseguiu fechar um contrato de BTS em Sorocaba, no interior de São Paulo, em uma região industrial do município, uma fonte a par das conversas disse ao Metro Quadrado.
Apesar do valor de contrato oferecido por metro quadrado — acima da média praticada na região —, o proprietário do imóvel desistiu do negócio em meio à forte pressão de outros inquilinos.
Os demais locatários teriam demonstrado preocupação com o modelo logístico de entregas da Shopee, que poderia interferir no fluxo local, mais fabril.