Um shopping no RJ terá o Poder Público como sócio (mas é temporário)

Uma cidade do interior do Rio de Janeiro está construindo um shopping center com dinheiro público.
A Prefeitura de Maricá, comandada pelo petista Washington Quaquá, está aportando R$ 42 milhões na construção de um empreendimento que deve ser inaugurado em 2027 e no qual terá fatia de 49%, enquanto o restante será do sócio privado, a SGGC Participações, do empresário Sérgio Brandão Marins, que será a responsável pela gestão.
O Plaza Maricá é um raro caso de shopping que tem o Poder Público como sócio, e está sendo construído num momento em que o setor privado está com pouco apetite para novos investimentos.
Grandes empresas como Mutliplan e Allos têm dito que estão preferindo reformar ou ampliar os ativos que já possuem a iniciar novos projetos, em razão do alto custo de capital e das incertezas no cenário macro.
Em área bruta local, o ano de 2025 deve terminar com queda de 7,3% no número de shoppings inaugurados, para 168.585 m² de ABL, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers.
A aposta da Prefeitura também desafia outra tese que está em voga no mercado, a de que só vale a pena investir em shoppings voltados para as classes A e B em localizações privilegiadas de grandes cidades.
O projeto já existia antes da entrada da Prefeitura, que decidiu investir no shopping para viabilizar o início da construção e acelerar a implantação do empreendimento.
“Nosso objetivo não é ficar no negócio. É colocar para funcionar e sair,” Celso Pansera, o presidente da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) e ex-ministro da Ciência e Tecnologia no governo Dilma, disse ao Metro Quadrado.
Este será o segundo shopping da cidade, mas o primeiro de grande porte, com 32 mil m².
A localização escolhida para o empreendimento fica às margens da RJ-106, eixo viário que liga Maricá a Niterói, São Gonçalo e à Região dos Lagos. O trecho, um dos de maior fluxo da região, vem atraindo investimentos privados e públicos e já concentra comércios, galpões e pequenos polos de serviços.
Caso haja necessidade de mais investimentos, a Prefeitura pode emprestar mais recursos ao sócio privado.
O esforço de Maricá faz parte de uma estratégia de diversificação da economia da cidade, financiada pelo Fundo Soberano, abastecido com receitas do petróleo.
Criado para garantir reservas no longo prazo e reduzir a dependência da commodity, o fundo tem sido usado para viabilizar obras estruturantes e negócios.
Na última década, com as receitas do petróleo, a cidade criou um banco municipal, uma moeda social local, e implementou transporte público gratuito.
Entre os principais projetos está o Porto de Maricá, com investimento estimado em R$ 1,5 bilhão, além de uma arrecadação anual de R$ 1,3 bilhão em royalties.
Outro investimento de grande porte é o Resort Maraey, que recebeu R$ 360 milhões em obras de infraestrutura pública. O complexo terá hotéis de bandeiras internacionais.
A Codemar também está por trás da construção de um hotel em Araçatiba, ao lado do aeroporto municipal, com 166 quartos, restaurante e centro de convenções. O hotel integra um complexo de 32 mil m² com centro empresarial e espaço comercial, e será concedido à iniciativa privada assim que estiver pronto.
O aeroporto municipal também passa por obras de ampliação com participação da Codemar.
Segundo Pansera, o que a Prefeitura tem feito é “acelerar o desenvolvimento da cidade em vez de esperar a iniciativa privada.”