União Europeia compra edifício que alugava em Brasília — um raro triple A

Após quase dois anos como inquilina, a União Europeia acaba de fechar a compra do prédio que alugava em Brasília, um dos edifícios corporativos construídos pela incorporadora Lotus.
A transação foi fechada por R$ 146,6 milhões – ou R$ 61 mil por metro quadrado – a um cap rate de 5,1%.
Batizado de Lotus Prime, o triple A de 4,3 mil m² abriga a sede da Delegação da UE no Brasil desde que foi entregue, no final de 2023.
O edifício foi construído às margens do Lago Paranoá no Lago Sul — um dos bairros mais nobres da cidade.
“Essa é uma localização especial porque está muito próxima ao aeroporto e às embaixadas, o que foi fundamental na tomada de decisão da União Europeia,” Ruy Hernandez, o CEO e fundador da Lotus, disse ao Metro Quadrado.
Antes de locar o imóvel, a delegação já ocupava outro edifício na mesma região, um imóvel antigo, entregue há cerca de 40 anos, o que levou o bloco a buscar outras opções na mesma área.
Esse movimento de flight to quality tem sido uma tendência no mercado de escritórios de Brasília, que tem baixa oferta de prédios de alto padrão e escassez de terrenos no Plano Piloto.
O estoque de corporativos triple A é de cerca de 255 mil m² — o que corresponde a 6% do total da cidade — e a vacância está quase zerada, de acordo com dados reunidos pela companhia.
A incorporadora já discutia a possibilidade de locação ou venda do Lotus Prime quando soube que a delegação da UE buscava deixar a antiga sede.
A Lotus apresentou o projeto a Bruxelas e venceu a concorrência local, firmando um contrato de aluguel de 20 anos que agora transformou-se em um acordo de compra e venda.
Hernandez diz que o projeto arquitetônico do prédio — assinado pela Crosara Arquitetura e pensado para atender o limite de altura máxima das construções comerciais na região do Lago Sul, que é de 9,5 metros — foi um dos fatores que motivaram a compra da UE e que o bloco pretende usá-lo como modelo para outras representações diplomáticas.
A transação se soma a um outro negócio fechado pela Lotus com uma instituição internacional relevante, com a venda em 2021 de um edifício em Brasília ao Banco Mundial.
Outro projeto da empresa atualmente em construção na Asa Sul, o Lotus 903, foi negociado com a ApexBrasil — órgão público vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços — por valores ainda não divulgados.
Apesar das limitações construtivas do Plano Piloto, que variam de acordo com cada região, a incorporadora descarta atuar com retrofits e pretende seguir apostando na tese de flight to quality para emplacar novos negócios com outros projetos corporativos em localizações premium de Brasília.
“Existem prédios de 30 ou 40 anos com empresas que precisam expandir e o retrofit é muito difícil, pois não é possível expandir o subsolo e criar mais vagas de garagem para os usuários e o pé direito é limitado, por exemplo.”
“Acreditamos que, desenvolvendo empreendimentos corporativos em localizações especiais no Plano Piloto, geramos conforto e desejo para os possíveis clientes.”
Já no principal empreendimento da companhia, a Lotus Tower, que terá 169 mil m² e a segunda maior laje corporativa do País, ainda não há contratos firmados, mas a companhia tem conversado com “diversos possíveis clientes”.
A Lotus não abre os nomes em negociação, mas um dos potenciais locatários é a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que, de acordo com uma nota técnica publicada em fevereiro, estuda trocar sua sede atual, um edifício da União construído nos anos 70, por lajes na Lotus Tower.
As obras estão em curso e o edifício deve ser entregue no segundo semestre de 2026. “Iniciamos o projeto no especulativo e tomamos o risco de seguir com uma obra desse porte porque acreditamos no mercado imobiliário corporativo de Brasília,” disse Hernandez.