Bradesco vê exagero em preocupação do mercado com a Resia, da MRV

Bradesco vê exagero em preocupação do mercado com a Resia, da MRV
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O Bradesco BBI decidiu colocar na planilha as perdas que a MRV terá com a mudança de rota que está promovendo na Resia, a sua subsidiária americana focada em multifamily.

Pela projeção, o BBI avalia que há uma preocupação exagerada do mercado com o desempenho da companhia, o que acaba afetando sua precificação na Bolsa. 

Nos cálculos do banco, a empresa deve registrar um impairment contábil próximo de US$ 140 milhões no curto prazo com a venda de ativos da Resia. 

A estimativa, que representa cerca de um quarto do valor de mercado da MRV, não coloca em risco os covenants de dívida da empresa – que suportariam até US$ 320 milhões de perdas.

“A MRV não é uma aposta fácil e o momento permanece incerto, mas seu recente desempenho inferior em relação aos seus pares está nos levando a ser mais construtivos sobre o caso,” escrevem os analistas Bruno Mendonça, Pedro Lobato e Herman Lee.

A ação da MRV abriu o pregão de hoje em alta e depois acelerou os ganhos. Por volta das 17h, subia 7,6%, a R$ 6,37.

O líder de real estate do BBI, Bruno Mendonça, diz que o mais relevante agora para a companhia não é o número final da perda, mas sim reancorar a tese de uma incorporadora para a baixa renda no Brasil — segmento em que a companhia performa melhor. 

A análise parte da ideia de que independentemente do tamanho do prejuízo contábil da Resia, o processo de downsizing deve ter um impacto líquido positivo no caixa, já que os projetos e terrenos à venda já estão pagos. “Não há cenário em que a MRV Brasil precise enviar dinheiro para o exterior,” ele diz.

Após o impairment, a ação da MRV deve passar a negociar a 0,67x P/BV, mas o banco projeta que esse múltiplo pode retornar a 0,55x nos próximos 12 a 18 meses — à medida que a operação brasileira volta a ganhar tração.

O relatório também destaca que, desconsiderando a Resia, a ação negocia a 4x P/E 2026, um dos valuations mais baixos entre as incorporadoras.

Na semana passada, a MRV recebeu US$ 62 milhões pela venda do empreendimento Dallas West e de um terreno em Weatherford, nos EUA — parte do plano de desalavancagem anunciado no fim de 2024. Na ocasião, Rafael Menin anunciou a venda de até 60% do landbank da subsidiária, estimando levantar US$ 800 milhões até 2026 com a estratégia.

Até aqui, a Resia vendeu US$ 117 milhões em ativos, com uma margem bruta de -41%. As perdas já registradas somam US$ 48 milhões, e cinco dos sete projetos mapeados ainda aguardam venda. 

O BBI reconhece que a tese da MRV ainda envolve riscos e que o timing da virada é incerto. Mas após a performance fraca da ação em relação aos pares, o banco tem um olhar mais positivo para o papel da incorporadora. 

A MRV vale R$ 3,5 bilhões na Bolsa. 

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