Nova South Station quer mudar o eixo de turismo e negócios de Boston

BOSTON – O metrô de Boston é o mais antigo dos Estados Unidos, mas não tem outros predicados que o destaquem para além de sua idade.
Agora, a reforma da principal estação ferroviária da cidade busca transformar o local no novo polo turístico e de negócios da cidade.
A obra iniciada em 2020 mantém e atualiza o estilo beaux-arts da South Station e traz uma nova torre de uso misto no topo da estação — um dos principais projetos imobiliários dos Estados Unidos em 2025, cuja construção custou mais de US$ 1,5 bilhão.
A reforma da estação inaugurada em 1899 quer trazer negócios para uma região marcada por altos índices de violência e transformar um local de passagem em um ponto turístico, com arquitetura marcante e restaurantes no entorno.
A primeira de três etapas do projeto foi dividida em duas partes, com a reforma da estação pronta em junho de 2025, e a finalização da torre, prevista para o final deste ano.
“A South Station Tower não é apenas um projeto transformador, mas um catalisador de longo prazo para consolidar ainda mais o futuro de Boston como uma cidade dinâmica, globalmente conectada e orientada pela inovação,” Sarah Hawkins, a chefe da divisão leste dos EUA da incorporadora Hines, responsável pelo projeto, disse ao Metro Quadrado.
O escritório de arquitetura Pelli Clarke & Partners, de Nova York, foi quem desenvolveu o projeto e tem histórico de grandes obras, como as Petronas Towers, na Malásia, e a Salesforce Tower, em São Francisco.
“O espaço público transformado com a South Station não é apenas uma área essencial de transporte, mas também uma ousada declaração arquitetônica para Boston,” disse Graham Banks, sócio da Pelli Clarke & Partners.
“Ao combinar funcionalidade com beleza, o espaço amplo e iluminado pela luz natural reforça a posição de Boston como um centro conectado e visionário, oferecendo uma entrada monumental à altura de uma grande cidade.”
É da South Station que chegam a Boston quase todos os trens e ônibus de Nova York, porém ao desembarcar, os viajantes tinham que lidar com um teto com goteiras e um saguão pouco iluminado distante de seus anos mais gloriosos, resultado de mais de três décadas sem reformas no local.
A integração entre modais era complicada e o terminal de ônibus não tinha ligação direta com as áreas de embarque e desembarque ferroviária.
Com o novo projeto, o saguão reformado foi batizado de The Great Space, com 10 arcos de concreto que sustentam três cúpulas, cada uma alcançando 18 metros do chão ao teto, iluminada por uma mistura de luzes de LED e iluminação natural.
Os arcos marcam as passagens por todo o salão, conectando o átrio à rua, às paradas de ônibus e a outras conexões de transporte.
Com a reforma, a área externa do saguão aumentou em 67%, enquanto a capacidade do terminal de ônibus aumentou em mais de 50%.
A torre moderna no topo da clássica estação no estilo de beaux-arts remete à Torre Pan Am (hoje Metlife Building), construída em 1963 acima do Grand Central Terminal, em Nova York, que também teve a função de revitalizar um espaço decadente da cidade na década de 1950, impedindo que a icônica estação fosse demolida na época.
Segundo Hawkins, o projeto já está trazendo a Boston “investimento empresarial, geração de empregos, aprimoramento da infraestrutura de transporte e aumento da demanda imobiliária”.
O luxuoso prédio envidraçado sendo erguido no topo do principal centro intermodal de transporte de Boston terá 51 andares divididos entre uso comercial e residencial.
No total, o prédio adicionará cerca de 63 mil novos metros quadrados de escritórios para a cidade que serão administrados pela Hines.
“Nossa visão é que o projeto transforme essa região da cidade com uma torre que redefine a South Station tanto como um portal de transporte de primeira linha quanto como um destino urbano,” diz Hawkins.
“A South Station Tower integra escritórios de padrão classe A, residências de luxo e melhorias essenciais na infraestrutura de transporte, enriquecendo a experiência urbana enquanto introduz um novo e arrojado marco arquitetônico ao horizonte da cidade.”
O projeto contará com um restaurante no nono andar, um clube privado no 36º andar e um amplo sky park de aproximadamente 4 mil m² no 11º andar.
As unidades residenciais ficarão nos últimos 16 andares da torre e serão administradas pela Ritz-Carlton Residences.
Os 166 novos apartamentos de luxo terão vistas panorâmicas da cidade e do porto de Boston, com janelas de vidro do chão ao teto, e custam a partir de US$ 1,3 milhão. Os moradores irão contar com comodidades como concierge 24 horas, academia, piscina e sky lounge.
O projeto de revitalização da South Station também conta com mais duas etapas, ainda sem previsão de início das obras. A segunda etapa prevê a construção de um edifício residencial acima da expansão do terminal de ônibus, enquanto a terceira e última fase deverá adicionar 47.380 metros quadrados de escritórios e áreas de conveniência acima da estrutura existente do terminal de ônibus.
Além da renovação ao redor dos trilhos, a South Station também ganhou nos últimos meses outra inovação ao começar a receber viagens com o trem de passageiros NextGen Acela, os mais modernos da malha ferroviária americana, que começaram a operar no final de agosto, e atingem mais de 260 km/h.
A nova frota custou US$ 2,35 bilhões e o início de sua operação foi adiada por anos, já que estava planejada para iniciar as atividades em 2021, mas foi atrasada por conta da pandemia.
Os trens substituem os Acelas de 25 anos de uso e podem transportar aproximadamente 27% mais passageiros por viagem. Os 28 novos NextGen Acelas operarão com velocidade média 16 km/h maior do que seus antecessores e serão introduzidos gradualmente em operação até 2027.