Cezario Ribeiro Caram — que fundou e elevou a construtora homônima ao posto de uma das referências em obras logísticas no Brasil — morreu no domingo em São Paulo, vítima de um acidente de moto, aos 68 anos.

“Ele tinha muita força de trabalho. Era um empresário inquieto que estava sempre olhando para outros mercados e ainda tinha vigor para empreender no Brasil, o que é uma aventura,” Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP, disse ao Metro Quadrado.

Nascido em Presidente Prudente em 1956, Cezario Marques Ribeiro Caram se formou pela Escola de Engenharia de Lins em 1978 e fundou a Ribeiro Caram em 1997.

A construtora nasceu com foco nos setores de indústria e varejo, mas Cezario sempre buscou novas áreas de atuação, agregando shopping centers e escolas.

Foi por volta de 2012 que a empresa encontrou sua galinha dos ovos de ouro: o setor de logística, onde alcançou uma posição de destaque e construiu uma das carteiras de clientes mais sólidas do País, com nomes que incluem a GLP, Amazon e Shein.

Nos últimos anos, a empresa multiplicou seu tamanho, alcançou a marca de 5,5 milhões de metros quadrados construídos e passou a faturar cerca de R$ 1 bilhão/ano.

“Concorremos em alguns momentos, mas tinha muito respeito pelo Cezario. Ele conseguiu se especializar, criar um produto diferenciado e dominar o setor de logística,” disse Newton Simões, o fundador e CEO da Racional Engenharia. “O mercado perde muito. Ele era um tipo de empresário que hoje em dia ficou raro, muito atuante e profissional.”

Um outro concorrente, Hailton Liberatore, sócio-diretor da Libercon Engenharia, disse que a Ribeiro Caram é um dos casos de empresas do setor que ainda carregam muito da alma de seus fundadores.

“São como extensões de suas visões, seus valores, seus modos de lidar com o mundo. E ele personificava sua empresa de forma genuína.”

Apesar de ter seu nome na placa, Cezario não tirava o brilho de sua equipe de quase 2,5 mil funcionários diretos e indiretos.

Colaboradores o descreveram como um chefe generoso e até uma figura paterna, que buscava ajudar a todos nos âmbitos profissional e pessoal e nunca pensou em crescer sozinho.

Sadak Leite, hoje o diretor vice-presidente e dono de 30% da Ribeiro Caram (os outros 70% eram de Cezario), entrou na empresa cerca de 20 anos atrás como engenheiro de obras.

“Ele sempre me deu muito espaço. Como eu sou bem pé no chão e ele bem sonhador, nossos perfis eram complementares. Eu não era preparado quando comecei, mas ele permitiu que eu aprendesse. Me adotou como um filho e me apoiava mesmo em problemas particulares,” disse Sadak.

O ‘jeito humano’ de Cezario, que criava uma dinâmica de ganha-ganha com parceiros e clientes, é o grande diferencial da empresa, disse seu sócio. 

“Às vezes perdemos dinheiro para não deixar o cliente insatisfeito e trabalhar na fidelização. Hoje temos parceiros que já fizeram 10 obras com a gente. Ele sempre falava que não precisávamos ser a maior empresa, e sim a melhor.”

Além do negócio principal, a Ribeiro Caram hoje tem subsidiárias nos segmentos de instalações (ECS) e de coberturas (RRCaram), além de uma incorporadora focada no MCMV (Imcasa). 

Cezario já vinha se afastando da operação nos últimos anos e atuava mais como um conselheiro de Sadak. Era uma transição planejada, que culminaria na instituição de um conselho do qual ele seria presidente, e depois uma transição para uma gestão profissional. Não deu tempo.

Em seu tempo livre, o corintiano roxo pescava e produzia a Cachaça do Chorinho em seu sítio em Avaré.

O sepultamento foi hoje à tarde no cemitério do Morumbi. 

Cezario deixa a mulher, Mariana, cinco filhos e um neto.