Incorporadoras já planejam lançamentos para a Faixa 4 do MCMV

A criação da Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida já está se refletindo nos planos das grandes incorporadoras.
Das empresas do setor com faturamento acima de R$ 500 milhões, 59% pretendem lançar produtos para a categoria nos próximos 12 meses, segundo uma pesquisa da consultoria Brain com executivos do setor à qual o Metro Quadrado teve acesso.
O apetite pelo segmento é menor em companhias que faturam menos de R$ 500 milhões, mas ainda assim é relevante. Entre as que faturam de R$ 101 milhões a R$ 500 milhões, 39% também querem lançar um produto para essa faixa em um ano.
Além disso, 60% do mercado diz que a Faixa 4 deve aumentar o volume de lançamentos neste ano no geral.
Anunciada pelo governo em abril e com a contratação de crédito liberada oficialmente há três meses, a Faixa 4 permite o financiamento de imóveis de até R$ 500 mil — acima do limite de R$ 350 mil nas faixas inferiores.
O crédito está disponível para famílias com renda bruta mensal de até R$ 12 mil e é concedido a uma taxa de juros de 10% ao ano — a média cobrada pelos principais bancos varia entre 11,3% e 13,5%, segundo dados do QuintoAndar.
A Faixa 4, portanto, vai beneficiar principalmente o público de classe média, o mais afetado pela Selic elevada.
Antes da criação da nova categoria, as incorporadoras estavam se concentrando na baixa renda já atendida pelo MCMV e na alta renda, que depende menos de financiamento para comprar imóveis.
Entre as listadas que atuam no MCMV, os dados do segundo tri já mostram uma aceleração dos resultados após a criação da Faixa 4.
Segundo as prévias operacionais de cinco das maiores empresas listadas do segmento — Cury, Direcional, MRV, Plano & Plano e Tenda — o volume lançado cresceu 28% em um ano, para R$ 9,1 bilhões.
Já as vendas líquidas avançaram 10% na mesma base de comparação, para R$ 8 bilhões.
Para Luiz França, presidente da Abrainc, a nova faixa do programa habitacional ainda está em fase de maturação e o setor deve estudar os resultados iniciais antes de propor mudanças nas regras do governo.
“Se necessário, podemos mudar o valor do imóvel ou a faixa de renda, há muitos gatilhos. Mas ainda não é o momento de mexer nesses gatilhos,” disse França.