Lucro da Cyrela cresce, mas deal com a Tecnisa sobe no telhado

O lucro líquido da Cyrela voltou a crescer e bateu o consenso de mercado no terceiro trimestre, mas o resultado publicado há pouco teve que dividir os holofotes com a queda de um deal de até R$ 510 milhões envolvendo terrenos da Tecnisa.
As duas incorporadoras assinaram em junho um MOU que abrangia sete terrenos do loteamento Jardim das Perdizes, principal projeto da companhia, e CEPACs.
Na ocasião, o CEO da Tecnisa disse ao Metro Quadrado que a empresa estava trocando um pedaço de sua joia da coroa por uma redução significativa no endividamento.
Agora, a Tecnisa informou ao mercado que não vai prosseguir com a venda pois desdobramentos da negociação tornaram a proposta da Cyrela menos atrativa.
Já o CFO da Cyrela, Miguel Mickelberg, afirmou que a decisão partiu da Tecnisa e que se trata de um desdobramento natural do processo de diligência, mas que pode afetar o landbank da companhia para o próximo ano.
“Por ser uma notícia nova ainda vamos avaliar, mas pode ser que tenha algum impacto porque trabalhávamos com um cenário de desdobramento positivo nessa negociação,” disse o CFO.
O estoque de terrenos da companhia somava R$ 18,4 bilhões ao final do terceiro trimestre, com a maior parte voltada ao segmento de alto padrão.
Já o lucro líquido da Cyrela foi de R$ 609 milhões no período, uma alta de 29% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado e superior também ao consenso de mercado, que previa R$ 469 milhões.
Mickelberg diz que o resultado foi impulsionado pela venda de ações da Cury ao longo do trimestre. Os papéis da investida saltam 112% no ano.
As operações com ações da Cury também tiveram um impacto positivo na geração de caixa da empresa, que foi de R$ 423 milhões no trimestre.
“Com isso, migramos para o campo positivo e estamos com R$ 100 milhões acumulados no ano.”
Já do ponto de vista operacional, os lançamentos somaram R$ 3,4 bilhões, alta de 38% ante o terceiro tri de 2024.
“Dentro disso tivemos um crescimento discreto no segmento de alta renda e um bem relevante no Minha Casa Minha Vida, em que já lançamos muito mais do que no ano passado inteiro,” disse o CFO.
Além do aumento da relevância do MCMV para a companhia, o executivo afirma que uma mudança recente nas regras do programa melhorou as perspectivas para a Cyrela.
O Conselho Curador do FGTS anunciou nesta semana uma elevação no teto dos imóveis financiados nas Faixas 1 e 2.
O novo limite varia de R$ 245 mil a R$ 270 mil, a depender do tamanho da cidade em que o imóvel se localiza.
“A alteração na Faixa 2 vai em um segmento onde está a maior parte da nossa atuação, então ela é positiva para nós.”
O Conselho também mexeu na curva de subsídios do programa, aumentando o benefício para as famílias de renda mais baixa da Região Norte.
Mas essa novidade deve ter um impacto limitado para a Cyrela, pois atinge faixas às quais a companhia está menos exposta e uma região onde não atua.
Apesar das perspectivas positivas na baixa renda, Mickelberg diz que a companhia deve reduzir o ritmo de lançamentos no quarto trimestre.
“Normalmente o trimestre mais forte de lançamentos de uma incorporadora costuma ser o quarto. Neste ano esse não será o caso para nós porque os três primeiros tris foram muito fortes.”
Já as vendas devem seguir próximas ao patamar atual, de R$ 2,5 bilhões, com a VSO na casa dos 50%.







