Rio prepara pacote de incentivos para a Zona Norte

Rio prepara pacote de incentivos para a Zona Norte
|

Depois de quase quatro anos explorando as oportunidades abertas pelo Reviver Centro, o mercado imobiliário carioca pode em breve voltar a olhar para a Zona Norte. 

A gestão do prefeito Eduardo Paes costura os detalhes finais de uma versão do programa voltada à região, começando por Bonsucesso — um bairro historicamente à margem dos ciclos de crescimento formal — e depois expandindo gradualmente para outros 13 bairros.

Eduardo Paes

No Centro, a requalificação se concentrou em retrofits de edifícios comerciais esvaziados, enquanto a Zona Norte deve atrair construtoras interessadas em terrenos, galpões e vazios urbanos que podem dar lugar a empreendimentos habitacionais. 

A promessa é de até 14 mil novas unidades, e o atrativo para o setor está nos incentivos que reduzem o custo de entrada.

A Prefeitura planeja ampliar o potencial construtivo e o gabarito, isentar contrapartidas financeiras e utilizar desapropriações por hasta pública para transformar imóveis abandonados ou irregulares em moradias, comércio ou áreas de lazer.

A Cury é uma das empresas que aguardam o programa ser anunciado e entrar em vigor – dois movimentos ainda sem data marcada.

A incorporadora paulistana focada no Minha Casa Minha Vida opera no Rio desde 2010 e tem a Zona Norte como uma das suas principais áreas de atuação, com 37 empreendimentos lançados na região. 

“Na Zona Norte, durante muito tempo a falta de novas construções empurrou famílias para longe ou para a informalidade. Isso gera mais trânsito e custo para a cidade,” Leonardo Mesquita, o vice-presidente comercial da Cury, disse ao Metro Quadrado.

Hoje, o metro quadrado do Rio gira em torno de R$ 10 mil, mais de três vezes o patamar do Bonsucesso, de cerca de R$ 3 mil. 

A Zona Norte é um pedaço do Rio que não está tão no radar das incorporadoras quanto a Tijuca e o Grajaú. 

A chegada do Reviver pode valorizar esse pedaço da cidade.

No Centro, por exemplo, o preço mediano dos imóveis à venda no Centro do Rio cresceu 30,7% nos últimos 12 meses, chegando a R$ 6.040/m², de acordo com um relatório do QuintoAndar. 

Leonardo Mesquita ok

Além disso, segundo estimativas da Ademi-RJ, o Centro deve dobrar sua população de moradores até 2027, atualmente em 12 mil.

“Isso é um estímulo de transformação absurda. Nós já temos uma amostragem suficiente que foi o Reviver Centro,” disse Guilherme Mororó, diretor comercial do Grupo CTV.

Os estudos técnicos estão na reta final para a elaboração do projeto executivo e da licitação, mas já estão previstos projetos de reurbanização em vias como a Avenida Paris, criação de polos tecnológicos de baixo custo, além de áreas verdes e corredores arborizados ao longo do eixo da Transcarioca. 

Em Bonsucesso, já está programado também um boulevard para reorganizar o espaço viário.

Entre os pontos prometidos, o que pode mexer mais com a lógica da região é o foco em habitação social ao longo da Avenida Brasil. 

“O projeto tem potencial de ser uma revolução, que não cabia à iniciativa privada realizar sozinha, uma vez que os terrenos disponíveis são pontuais e afastados,” disse Felipe Macedo, gerente comercial da Direcional.

“Com o programa, além de acelerar projetos das construtoras que já apostam na área, muitas empresas que só focavam na Zona Sul e na Barra podem abrir os olhos para oportunidades na Zona Norte,” disse Mororó.

Siga o Metro Quadrado no Instagram

Seguir