Data centers: aportes previstos para o Brasil já somam R$ 90 bi

Data centers: aportes previstos para o Brasil já somam R$ 90 bi
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Os investimentos em data centers no Brasil já autorizados pelo ONS se aproximam dos R$ 90 bilhões, mostra um levantamento da RB Investimentos.

Por enquanto, o País possui cerca de 480 megawatts (MW) de capacidade instalada em data centers e a projeção é que esse número dobre até o fim da década.

Nos últimos meses, a ONS liberou a conexão de um data center de R$ 50 bilhões da Casa dos Ventos, outros cinco da Dataspots que somam R$ 39 bilhões em investimento e estuda cerca de 50 projetos.

O mercado brasileiro é considerado um dos mais promissores do mundo para data centers pela posição geográfica privilegiada, as conexões internacionais de fibra óptica e por ser um grande gerador de energia, o sexto maior do mundo em capacidade instalada.

Empresas como Meta, Microsoft e Amazon, por exemplo, têm investido em projetos de energia no Brasil para suprir a demanda dos seus data centers.

“Há países em que não tem o que fazer, a energia é nuclear e não há outras fontes. Essa é uma grande oportunidade de negócios,” Gustavo Cruz, o estrategista-chefe da RB, disse ao Metro Quadrado.

“Temos visto uma corrida sem precedentes em termos de energia para data centers. Apesar de a ONS só ter autorizado esses projetos por enquanto, se tiver uma pressão grande, os investimentos vão escalar rapidamente.”

Um exemplo perto de casa mostra que os cheques estão ganhando grandes proporções: a Argentina receberá um projeto da OpenAI, a criadora do ChatGPT, avaliado em US$ 25 bilhões e anunciado neste mês.

Além disso, a consultoria McKinsey estima que o investimento global em data centers deve ultrapassar os US$ 5 trilhões até 2030.

A maior parte dos data centers do Brasil está no estado de São Paulo, em cidades próximas à capital como Barueri e Santana de Parnaíba, que se consolidam como estratégicas para atender à metrópole.

“Pelo tamanho dos empreendimentos não faz sentido alocar diretamente na capital, então, como nos raios da logística, essas cidades satélites acabam virando grandes referências.”

No interior do estado, o município de Hortolândia, que fica na região metropolitana de Campinas, também atrai investimentos com incentivos fiscais e desponta como outro cluster estratégico.

Apesar da dominância de São Paulo em capacidade instalada, o hub internacional do País tende a ser Fortaleza, cidade que fica na “ponta” do continente e recebe a maior parte dos cabos submarinos que ligam o Brasil à América do Norte, Europa e África.

“Como existe a questão da latência no envio de informações, que deve ser a mínima possível para alguns mercados, a cidade é peça-chave para interconexão,” disse Cruz.

Na atração de novos projetos, há uma disputa do Ceará com Pernambuco, outro estado geograficamente bem posicionado  — e a própria RB Investimentos, demandada por investidores do setor imobiliário, estuda possíveis iniciativas por lá.

Por enquanto, a casa participou do segmento via CRIs estruturados para a construção de data centers pela Ascenty, líder nacional do setor, e um complexo da Caixa e Banco do Brasil. Juntas, as operações somaram R$ 178 milhões.

Segundo cálculos da CBRE, o investimento necessário para construir apenas “casca” de um data center, sem considerar os equipamentos, é de cerca de US$ 10 milhões por MW.

Apesar do custo elevado, o contrato de aluguel posterior dos imóveis também é calculado em dólar, o que atrai os investidores.

“No real estate já existem empresas que fazem o que chamamos de power bank: identificar um local estratégico do ponto de vista de conectividade, água e energia e correr atrás do parecer de acesso,” Adriano Sartori, o CEO da CBRE Brasil, disse em um evento da SPX nesta semana.

Nesse cenário, Sartori afirma que há uma necessidade cada vez maior de que o mercado secundário absorva o capital de novos fundos para que os recursos sejam suficientes.

“E aí existe uma grande oportunidade para gestoras e, principalmente, family offices.”

Instituições financeiras, por outro lado, estão buscando formas de se proteger dos possíveis riscos atrelados aos empréstimos bilionários feitos para atender a demanda intensiva de capital para infraestrutura da indústria de inteligência artificial.

O Deutsche Bank, por exemplo, estuda shortear uma cesta de ações ligadas a AI e contratar um instrumento de proteção via derivativos para mitigar os efeitos de uma possível inadimplência no crédito, segundo fontes ouvidas pelo Financial Times.

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