Vendas em shoppings desaceleram, estima BTG

As vendas nos shoppings brasileiros perderam fôlego no terceiro tri, estima o BTG Pactual.
Segundo as projeções do banco para os balanços que serão publicados pelas operadoras do setor nas próximas semanas, a expectativa é de crescimento mais contido ou queda da receita líquida na comparação com o trimestre anterior.
A Allos deve entregar receita de R$ 672 milhões, alta de 2%. Já para o Iguatemi, a receita líquida prevista é de R$ 379 milhões, queda de 7%. Na Multiplan, a projeção é de R$ 566 milhões, recuo de 17%.
No same store sales, a expansão esperada também é tímida. Allos, Iguatemi e Multiplan devem crescer 5%, 7%, e 8%, respectivamente, na comparação trimestral.
A desaceleração não é reflexo de um enfraquecimento estrutural do setor, diz o BTG, mas sim de uma base de comparação mais forte e um ambiente macro que segue pressionado.
Mesmo assim, o trimestre deve fechar no azul. As operadoras seguem conseguindo repassar a inflação aos aluguéis e manter taxas de ocupação elevadas.
“Esperamos um trimestre positivo, mas sem grandes surpresas,” disseram os analistas Gustavo Cambauva e Gustavo Fabris.
A combinação de inflação mais comportada e taxas de ocupação elevadas tem permitido às operadoras preservar margens, mesmo com a desaceleração nas vendas.
“A dinâmica de preço não é composta só pela inflação, é um pouco mais complexa que isso,” Rafael Salles, o CEO da Allos, disse no Real Estate Summit na última semana.
Segundo Salles, o cenário atual cria espaço para negociações mais favoráveis e contratos mais estratégicos, o que ajuda a sustentar a rentabilidade mesmo em ciclos de consumo mais fracos.
A inflação mais baixa reduz a pressão sobre os aluguéis e permite ampliar spreads, mantendo os lojistas saudáveis e a operação eficiente.
“Mesmo com a base do IGP-M crescendo um pouquinho menos, nós tivemos o sales to rent bem acima da inflação, já demonstrando que é onde geramos mais valor,” ele disse.