Patria compra Vectis e dobra aposta no crédito imobiliário

Patria compra Vectis e dobra aposta no crédito imobiliário
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O Patria acaba de adquirir a Vectis Gestão de Recursos, que tem dois fundos imobiliários no portfólio.

A transação acrescenta R$ 1,6 bilhão à vertical de real estate da casa e eleva o total sob gestão para R$ 25 bilhões.

O principal atrativo para o Patria na transação foi o fundo de papel da Vectis.

Hoje a vertical de crédito imobiliário da casa conta com cerca de R$ 3,5 bilhões, enquanto o Vectis Juro Real (VCJR11) tem um patrimônio líquido de quase R$ 1,4 bilhão — com pouco mais de 32 mil cotistas na base.

Segundo Rodrigo Abbud, sócio e head de real estate da gestora, esse avanço na classe está em linha com os planos de expandir presença em segmentos que ainda não eram tão representativos.

Rodrigo Abbud ok

“O IFIX, considerando papel e tijolo, está 50-50. Nosso portfólio tinha 80-20. Quero diminuir essa diferença e estar cada vez mais próximo do índice,” ele disse ao Metro Quadrado.

A compra do portfólio de FIIs da Vectis é a oportunidade de diminuir essa distância sem sacrificar o crescimento da vertical de tijolo e com um ativo considerado de qualidade.

“É um fundo que vem sendo bem tocado e tem operações que, analisando no detalhe, faríamos tranquilamente.”

A transação também marca a entrada do Patria no segmento de multifamily, com o Vectis Renda Residencial (VCRR11).

O FII é dono de quatro empreendimentos residenciais da Cyrela em São Paulo — dois deles já em operação e geridos pela Charlie.

“Não temos nenhuma expectativa de descontinuar a gestão. Mas teremos uma abordagem mais incisiva para ver de que forma conseguimos destravar valor no fundo,” disse Abbud, afirmando que o VCRR11 hoje negocia com um desconto de cerca de 50%.

A Vectis também é dona de um Fiagro de crédito, o Vectis Datagro (VCRA11), e outros produtos alternativos. Mas eles ficaram de fora do negócio e seguirão sob gestão do fundador Alexandre Aoude em um nova gestora, a VCS Gestão. 

Aoude passou pelo Morgan Stanley, foi CEO do Deutsche Bank no Brasil e diretor executivo do Itaú BBA por cinco anos. Em 2016, fundou a Vectis com Laercio Boaventura, outro ex-Itaú, e a gestora passou a ser conhecida no mercado como uma das poucas com acesso privilegiado ao banco.

A Vectis cresceu até alcançar cerca de R$ 2,15 bilhões sob gestão. Mas enfrentou desafios como a inadimplência na carteira do VCRA11, e, quando o crescimento desacelerou, ficou como um player de porte médio num mercado em consolidação.

Agora o Aoude deve se concentrar no Fiagro e nos produtos de crédito estruturado, e explorar outras frentes de negócios na Vectis Partners, onde tem como sócios Paulo Lemann, Patrick O’Grady, André Sá e Ilana Bobrow.

A transação entre a Vectis e o Patria — que ainda depende do cumprimento de condições suspensivas, mas não precisará passar pelo CADE nem assembleias dos FIIs — foi anunciada menos de três semanas após o Patria comprar o portfólio de FIIs da Genial e marca a quarta grande aquisição da área de real estate da casa nos últimos três anos.

O negócio com a Genial ainda está sob análise no Cade. Quando concluído, elevará o total sob gestão do Patria para perto dos R$ 27,5 bilhões.

No ano passado, o Patria concluiu a aquisição da área de fundos imobiliários do Credit Suisse, entrando oficialmente no ranking de maiores gestoras de FIIs do País. E três anos atrás a gestora também comprou a VBI Real Estate, da qual Abbud foi um dos fundadores.

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