O ‘sale and leaseback’ chegou ao residencial. Mas quem usa?

Já tradicional no mercado de imóveis comerciais, como galpões ou supermercados, o “sale and leaseback” está agora ganhando adesão entre quem tem casas ou apartamentos de alto padrão.
Operações similares à modalidade têm atraído principalmente o público com faixa etária entre 40 e 70 anos, homens, a maior parte deles empreendedores, que buscam liquidez imediata.

Os dados são de uma pesquisa feita entre os clientes da Rooftop, uma proptech que atua nesse mercado, com fundos de investimento que compram os imóveis pagando até 60% do valor de avaliação à vista.
São transações em que o ex-proprietário pode continuar morando no imóvel como locatário — o aluguel é de cerca de 0,7% do valor de avaliação — e tem a opção de recomprá-lo em até 18 meses por 80% desse montante.
Segundo o estudo, o motivo mais frequente que leva os proprietários a buscarem a modalidade é quitar dívidas — esse objetivo foi citado em 56,25% dos casos.
“Ele não está necessariamente negativado, mas não tem possibilidade de fazer novos empréstimos e tomar crédito de forma tradicional,” Daniel Gava, o CEO e cofundador da Rooftop, disse ao Metro Quadrado.
O segundo motivo mais citado, com 28%, é direcionar recursos para outros objetivos financeiros. Por exemplo, 9% buscam capital para investir na própria empresa. Segundo a pesquisa, 28,2% dos entrevistados são empreendedores, a ocupação mais mencionada.
“Normalmente eles precisam se reorganizar por conta de algum compromisso que o fluxo de caixa não vai atender no curto prazo, então buscam alongar esses compromissos até que venha uma sinalização de melhora da taxa de juros.”
Executivos ocupam a segunda posição, com 18%. Na sequência aparecem profissionais liberais como advogados, médicos e engenheiros.
“São profissionais que estão passando por algum momento delicado pois a empresa não performou, o serviço que esse cliente presta não teve tanta demanda ou aconteceu algum evento na família que comprometeu o orçamento doméstico no curto prazo.”
A Rooftop atua com propriedades avaliadas entre R$ 1 milhão e R$ 7 milhões, construídas em bairros considerados bem localizados de cidades com mais de 200 mil habitantes, mas a maior parte dos clientes não exerce o direito de recompra ao final do contrato.
Nesse caso, a empresa anuncia o ativo no mercado e, se revendê-lo por um valor maior do que o de recompra, a diferença fica com o proprietário original.
Gava diz que, como os imóveis são de alto padrão e bem localizados, o cliente costuma capturar um valor adicional de cerca de 20% na revenda.
A Rooftop já estruturou três fundos imobiliários para viabilizar as operações. Foram alocados R$ 100 milhões na estratégia neste ano e proptech projeta alocar outros R$ 220 milhões no próximo. A projeção é alcançar a casa do bilhão em 2028.







