Miami: por que Coconut Grove está atraindo gestoras brasileiras

Um dos bairros mais antigos e tradicionais de Miami voltou aos holofotes — com um empurrãozinho de investidores brasileiros.
Coconut Grove – uma região arborizada e formada principalmente por casas que destoam dos prédios do Centro – está atraindo empreendimentos imobiliários de gestoras como a Iron Capital e o Grupo Leste.
A área é comparada por profissionais do mercado a regiões como o Leblon e Balneário Camboriú – por ser um alto padrão no litoral e com verde – ou mesmo à Vila Nova Conceição, pela ampla oferta de serviços que permitem uma vida a pé.
O verde do bairro, que está no seu nome – Grove significa bosque –, dificulta a aprovação de projetos, mas isso acaba tornando ainda mais vantajoso apostar na região dada a escassez de oferta.
“Virou um mercado de altíssimo luxo: ou o cliente compra uma casa, ou se obriga a pagar uma fortuna nesses prédios em frente ao mar,” Stephan de Sabrit, managing partner do Grupo Leste, disse ao Metro Quadrado.
No início do ano, o Grupo Leste anunciou que vai investir US$ 185 milhões para erguer dois residenciais de luxo no bairro, que está no entorno da Biscayne Bay.
O primeiro dos dois edifícios a ser lançado, o The Lincoln, terá 48 unidades a um valor médio de US$ 2 milhões.
Já a Iron Capital investiu em um prédio boutique voltado à alta renda na região, batizado de Opus Coconut Grove, com 14 unidades e tíquete médio de US$ 3,5 milhões. A gestora também está comprando outros dois terrenos para projetos similares.
Os empreendimentos das duas gestoras têm atraído clientes brasileiros e outros latinos. Mas a maior parte da demanda veio dos próprios americanos – especialmente dos estados localizados ao norte do país.
Entre eles estão os casais mais velhos com filhos que já cresceram e saíram de casa, os chamados empty nesters, público-alvo do projeto da Iron.
“Essas pessoas estão acostumadas a morar em algo mais privado, então querem ir para um prédio boutique. Hoje estamos com 50% das unidades vendidas,” disse Bruno Benevides, sócio da empresa responsável pelo desenvolvimento do edifício, a Meta Development.
O mercado de Coconut Grove tem se beneficiado também do boom de demanda que Miami experimenta desde a pandemia.
A cidade, historicamente um destino de segunda residência, passou a atrair mais famílias em busca de um endereço permanente.
“Nós temos sol 365 dias por ano. Aqui é verão o tempo todo, um clima muito agradável que atrai milhares de pessoas para morar em Miami,” disse Heloisa Arazi, corretora especializada no mercado da Flórida e dona de uma imobiliária boutique na região.
“E Coconut Grove é um dos bairros mais valorizados. Nós temos imóveis lá que se valorizaram em até 160%.”
O corretor Alvaro Marco Coelho da Fonseca, diretor da imobiliária paulistana Coelho da Fonseca, que também atua em Miami, diz que um dos principais atrativos do bairro é o grande número de escolas particulares e o acesso próximo a Brickell, o centro financeiro da cidade, o que o torna ideal para profissionais com famílias e reforça a comparação com a Vila Nova Conceição, vizinha do Itaim.
Além disso, está próximo a um aeroporto e tem ampla oferta de restaurantes, cinema, shoppings e parques. E conta ainda com o apelo das marinas, que atraem os amantes de barcos e esportes aquáticos.
Os lançamentos por lá já superaram os valores de novos empreendimentos na própria Brickell, com o preço entre US$ 20 a US$ 30 mil dólares por metro quadrado.
“Miami é muito prédio, tem muito movimento. Já Coconut Grove, ao mesmo tempo em que está perto de tudo, é afastado da muvuca,” Coelho da Fonseca disse.
“E muitas famílias estão buscando essa qualidade de vida.”