O impacto da taxação da LCI nos juros imobiliários, segundo o Santander

O impacto da taxação da LCI nos juros imobiliários, segundo o Santander
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O Santander foi rápido na conta.

O time de analistas do banco calcula que as taxas de juros do mercado imobiliário podem subir de 0,5 p.p. a 0,7 p.p em 2026 se avançar a proposta do governo de acabar com a isenção de IR da LCI.

A estimativa do Santander leva em conta uma alíquota de 5% para a LCI, como está na proposta anunciada ontem pelo governo, e já considera também o alívio provocado pela redução do prazo de carência, aplicada no mês passado, de nove para seis meses.

Esta é mais uma discussão que reforça as dificuldades que o funding imobiliário tem vivido no País.

Além do efeito conjuntural do alto nível da Selic, as incorporadoras têm sofrido com o impacto estrutural dos resgates da poupança, que diminuem o funding para obras e levam o setor a buscar alternativas no mercado de capitais, apoiando-se em produtos como a LCI.

O próprio governo entende que o crédito imobiliário precisa de um novo modelo.

Em um evento hoje da Febraban, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que espera “em breve apresentar uma ponte para migrarmos para um modelo de financiamento que vai utilizar a captação em mercado e alternativas sustentáveis do ponto de vista da economia brasileira.”

Enquanto esse redesenho não vem, o mercado não descarta que o governo anuncie também o fim da isenção dos CRIs, também para uma alíquota de 5%.

São questões que se somam ainda às ameaças ao FGTS, outra tradicional fonte de funding para o setor imobiliário, especialmente para habitações populares.

Segundo o Santander, o desemprego baixo tem feito com que os depósitos no fundo permaneçam acima da média histórica, mas as retiradas de recursos por meio do saque-aniversário também seguem fortes.

A modalidade de saque-aniversário — cuja extinção é um dos pleitos do setor — retirou R$ 4,4 bilhões do saldo do FGTS em abril, valor 16% superior ao mesmo período do ano passado.

Enquanto os saques-aniversários crescem, o repasse do FGTS para o Minha Casa Minha Vida recuou em maio. O fundo cedeu R$ 10,3 bilhões para o programa no mês, uma queda de 15% ante abril, embora cresça 7% no acumulado do ano.

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