Urbe.me, do Grupo Ospa, aposenta o crowdfunding e pivota o negócio

Pioneira no crowdfunding imobiliário no Brasil, a Urbe.me, fintech do Grupo Ospa, está encerrando a captação de recursos com pessoas físicas para investimentos em projetos de incorporadoras.
A empresa está pivotando o seu negócio para focar agora em investidores institucionais.
Para o novo modelo, a fintech desenvolveu um marketplace dedicado à apresentação de oportunidades de investimentos, que já conta com 716 incorporadoras e 70 investidores institucionais cadastrados — com expectativa de captar R$ 500 milhões ainda em 2025.
A antiga base de clientes pessoa física – formada por 61 mil investidores – já não participa de novas captações há um ano, e a Urbe.me pretende encerrar o formato completamente até o fim deste ano.
A decisão marca o fim de uma era iniciada em 2016, quando a plataforma se tornou a primeira do País a conectar pequenos investidores a incorporadoras por meio de investimentos coletivos online.
No modelo antigo, a fintech possibilitava que pessoas físicas investissem a partir de R$ 1 mil em um empreendimento, arrecadando em média R$ 1,5 milhão por projeto – valor que era utilizado só na fase inicial.
Ao longo dos últimos anos, porém, com o boom de pessoas físicas investindo em fundos imobiliários e em outros ativos, a concorrência foi ficando muito acirrada para a Urbe.me.
“O mercado de crédito ficou muito competitivo. Se continuarmos no crowdfunding, vamos competir com XP, BTG, Nubank, que têm milhões de reais investidos em marketing para pegar o capital dessa pessoa física,” o COO Rodrigo Rocha disse ao Metro Quadrado.
Com a mudança, a Urbe.me agora consegue captar em média R$ 40 milhões de um só fundo, e o dinheiro pode ser usado em qualquer etapa do projeto e para empreendimentos de qualquer porte.
A Urbe.me identificou a demanda de investidores institucionais quando ainda estava focada no crowdfunding, e passou a fazer operações no offline com incorporadoras que já estavam em sua base.
Mas foi há dois anos que a fintech começou a maturar a ideia de deixar o crowdfunding.
Nesse processo, a Urbe.me percebeu que o investidor pessoa física, mesmo colocando menos dinheiro nas operações, costuma dar mais trabalho operacional que investidores institucionais – o que ajudou na decisão.
Agora, a fintech espera expandir o catálogo de investimentos das gestoras para praças fora de São Paulo, que atualmente domina 78% do mercado de crédito imobiliário, segundo a Place, plataforma de dados do Grupo Ospa.
Rocha diz que há um maior apetite das gestoras por diversificação geográfica, tendo Santa Catarina como um dos principais destinos.
Em Belo Horizonte, a fintech estruturou o financiamento do retrofit do Edifício Maranhão, um prédio histórico no centro da cidade – e o primeiro aprovado após a nova legislação urbanística da cidade, que vai revitalizar imóveis da região.
“Nossa tese é ajudar o mercado a entender que há demanda de crédito no Brasil inteiro e, por meio da tecnologia, levar o dinheiro da Faria Lima para outros lugares,” ele disse.