Logística descobre um mundo fora de SP

O consumidor exigiu, e as empresas de logística estão obedecendo.
O número de locações do setor fora de São Paulo está aumentando desde que o desejo do público por fretes rápidos no ecommerce virou um caminho sem volta.
São Paulo, por ter o maior mercado consumidor, continua tendo de longe a maior absorção do segmento – mas outros estados começam a despontar como destino para varejistas que não querem frustrar seus clientes com entregas demoradas.
Desde a pandemia, estados que antes não registravam absorções significativas passaram a ter novas locações, como Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Rio Grande do Norte, segundo dados da Newmark.
Na região Norte, um dos destaques é o Tocantins. O estado não registrou nenhuma locação ou renovação por cinco anos, até que, no primeiro trimestre de 2023, 2 mil metros quadrados foram absorvidos. Um ano depois, no primeiro trimestre de 2024, a absorção avançou para 6,7 mil m².
No Nordeste, as absorções de Pernambuco e Bahia, que já tinham um nível modesto de locações, alcançaram patamares mais elevados, na casa dos 40 mil m², durante a pandemia.
“Começamos a ver, principalmente do ano de 2024 para cá, essa descentralização para outros estados buscando atender os maiores mercados consumidores de cada região e ter maior capilaridade para dentro das cidadezinhas,” Mariana Hanania, diretora de pesquisa e inteligência de mercado da Newmark, disse ao Metro Quadrado.
O movimento de descentralização ainda é incipiente. Nos primeiros dois meses deste ano, apenas São Paulo representou 57% do total de absorções.
E o avanço para outros estados ainda é dominado pelos vizinhos das regiões Sudeste e Sul, com economias mais robustas e públicos de renda mais alta.
É o caso de Minas Gerais. O estado mineiro respondeu por 31% dos 358 mil m² absorvidos por empresas do segmento de logística e industrial entre janeiro e fevereiro, bem acima dos 3% anotados no primeiro trimestre do ano passado – apesar de Extrema ter perdido o apelo que tinha antes da reforma tributária.
O salto é explicado pela entrada nos cálculos de um novo estoque em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.
O empreendimento foi entregue em meados do ano passado e fechou recentemente um contrato com uma empresa de transporte logístico.