Na Comporta, sobram luxo e sossego. Só falta infraestrutura

COMPORTA, Portugal — Foi-se o tempo em que a região da Comporta era apenas um refúgio de veraneio no litoral português.
A 120 quilômetros de Lisboa, o balneário antes conhecido como um destino “rústico” tem atraído projetos de condomínios de luxo e famílias dispostas a morar em um lugar discreto e bucólico.
Só falta a infraestrutura.
Muitos dos que procuram casa na região ainda sentem falta de equipamentos primários como escolas e hospitais, até espaços de cultura e lazer, a exemplo de restaurantes e complexos desportivos, segundo consultores imobiliários ouvidos pelo Metro Quadrado.
Entre as nacionalidades que mais buscam residências na região estão brasileiros, americanos, britânicos, canadenses e sul-africanos.
O isolamento ainda é um grande atrativo para alguns, mas tem limitado uma expansão do mercado.
As empresas que estão tentando capturar essa demanda fazem parte de uma geração de investidores que se estabeleceu na Comporta desde 2018.
Eles compraram empreendimentos inacabados de tradicionais famílias portuguesas, como os Espiríto Santo (donos do hoje falido banco homônimo) e agora buscam moldar os projetos às necessidades de quem quer se mudar para a região.
Entre os players mais consolidados está a Vanguard Properties, que tem três empreendimentos na Comporta (Dunas, Torre e Muda) e deve investir 500 milhões de euros nos próximos três anos.
A empresa do francês Claude Berda se comprometeu a construir dentro dos seus condomínios um hospital privado, uma escola, uma creche, uma biblioteca, zonas comerciais e complexos esportivos.
Já entre os projetos destinados à região como um todo, a Vanguard quer construir 44 km de ciclovias, 22 km de estradas e uma capela na aldeia da Muda assinada por Francis Kéré, vencedor do Pritzker, o Oscar da Arquitetura. E ainda dará uma contribuição artística, com quatro esculturas do artista plástico Vhils para ficarem expostas nas ruas.
Por trás dos investimentos, a intenção não é apenas impressionar os candidatos a moradores, mas também criar novos estímulos ao turismo na região.
Para isso, a Vanguard também quer transformar a região em um destino de golfe. O campo da empresa, localizado no condomínio Dunas, deve receber pelo menos uma dezena de torneios por ano, mobilizando turistas fora do período de calor.
O golfe é um dos grandes pontos de convergência entre a política expansiva da Vanguard e o posicionamento low profile da portuguesa VIC Properties, que está construindo o condomínio Pinheirinho, e da americana Discovery Land, no comando do CostaTerra.
A empresa dos EUA, que estimou um aporte de 500 milhões de euros no empreendimento, tem focado seus esforços em experiências privativas para os moradores. A oferta do CostaTerra irá desde spa e aulas de yoga até centro equestre e área de caça de javalis.
Já a VIC, que espera investir 1,7 bilhão de euros na Comporta, aponta como um dos seus grandes diferenciais a ligação direta que o Pinheirinho possui com o mar e o beach club a que os moradores terão acesso.
Nos últimos dias, a empresa também anunciou um acordo com a hoteleira Six Senses para oferecer 58 branded residences no condomínio até 2028.
A maior parte dos condomínios oferece diferentes tipos de produtos, entre lotes, apartamentos e casas. O tíquete de entrada, segundo uma imobiliária que opera por ali, é de cerca de 1,5 milhão de euros.