Morar em um hospital não é o sonho de ninguém.

Mas e se as paredes estéreis do ambiente hospitalar derem lugar a um apartamento com decoração contemporânea e localização cobiçada?

Nos Estados Unidos, enquanto a oferta de imóveis residenciais está escassa e a demanda segue crescente, o jeito tem sido buscar alternativas menos convencionais. É o que alguns investidores do setor imobiliário têm feito com antigos hospitais.

Para vencer o déficit habitacional, hospitais desativados têm sido transformados em moradias.

Em Nova York, o St. Luke’s Hospital foi retrofitado e transformado em um condomínio de apartamentos, cujo aluguel não sai por menos de US$ 1.500.

No Queens, há planos para uma grande reforma do hospital psiquiátrico Creedmoor Psychiatric Center, que deve dar lugar a um condomínio residencial.

Na lista de vantagens de retrofitar esse tipo de imóvel estão, além do preço por metro quadrado construído, a estrutura com pé-direito alto, corredores amplos e abundância de luz natural.

A isso se somam os incentivos fiscais do governo federal no projeto de créditos para restauração de antigas propriedades, que podem chegar a 20%. 

O Rehabilitation Credit é um programa do governo americano que prevê deduções tributárias para companhias que investem em retrofits de prédios comerciais, para redução do déficit habitacional. 

Segundo um levantamento do Wall Street Journal, em 2023, o programa movimentou aproximadamente US$ 225 milhões em dedução de impostos para os projetos de transformação de hospitais em residências.

Além da estrutura, que permite uma modulação mais fácil em imóveis menores — reduzindo o investimento nas reformas — a localização desses empreendimentos também impulsiona a atratividade dos edifícios. Muitos estão situados em áreas nobres das cidades, em regiões centrais ou de fácil acesso, especialmente nas adjacências rurais.

Apesar de não haver um programa brasileiro de incentivo fiscal para o retrofit desse tipo de empreendimentos no País, há casos esporádicos de investimentos em antigos hospitais neste sentido.

Em São Paulo, o Hospital e Maternidade Cristo Rei, no bairro do Tatuapé, foi transformado em 2013 em um condomínio residencial, depois do prédio ser abandonado e sofrer um incêndio. Após o incidente, o imóvel foi arrematado em um leilão e retrofitado.  

Em Porto Alegre, o antigo Hospital Ferroviário – cujas obras nunca foram concluídas – dará lugar a um condomínio de apartamentos de moradia social. 

O projeto conta com incentivo do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, e deve ser inaugurado em 2026.