Nos EUA, os imóveis para farmacêuticas estão ociosos

Nos EUA, os imóveis para farmacêuticas estão ociosos
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Enquanto o Brasil sofre com escassez de imóveis para o setor de life sciences, os EUA enfrentam um excesso de oferta.

O boom de investimentos que as empresas farmacêuticas, de biotecnologia e equipamentos médicos receberam entre 2020 e 2021 levaram o mercado imobiliário a erguer uma quantidade expressiva de edifícios para esses negócios – mas boa parte do que foi entregue está sem uso, segundo a JLL.

A vacância média entre os edifícios entregues entre 2022 e 2024 chega a 48%, o maior nível já registrado pela consultoria.

A JLL estima que quase 6 milhões de metros quadrados do segmento estejam vagos no país — três vezes mais do que há quatro anos. 

“Esses edifícios tiveram um timing infeliz. Foram concluídos justamente quando o cenário mudou para as empresas de biotecnologia e elas pararam de alugar muito espaço,” Mark Bruso, o diretor de pesquisa da JLL para o setor de life sciences nos Estados Unidos, disse ao Metro Quadrado.

Diferentemente dos galpões industriais, esses empreendimentos são prédios corporativos de alto padrão, novos e sofisticados, projetados para abrigar laboratórios e centros de P&D. 

A expectativa é que menos de um terço do estoque vazio – 1,7 milhão de m² – seja absorvido pelo mercado até 2030, adaptados para outros usos ou vendidos com valor abaixo de mercado.

Parte dos edifícios deve ser transformada em escritórios comuns, data centers ou instalações híbridas.

Desde o fim do boom de 2020 e 2021, os investimentos no setor estão se concentrando em empresas nativas da inteligência artificial, que combinam biotecnologia, automação e ciência de dados.

“Essas companhias alugam menos espaço por funcionário e precisam de menos espaço de laboratório em seus portfólios,” disse Bruso. 

Mesmo com essa mudança no mercado, os grandes polos geográficos do setor nos EUA continuam sendo os mesmos: Boston, Bay Area e San Diego.

São regiões que combinam talento, capital e universidades de ponta, e por isso tendem a se recuperar mais rápido do que mercados secundários.

Já no Brasil, a oferta de imóveis voltados à pesquisa e à indústria farmacêutica segue limitada, o que eleva preços e restringe a expansão de empresas do setor. 

Mesmo com o cenário adverso nos EUA, a JLL vê oportunidades para investidores dispostos a esperar o próximo ciclo. 

“Haverá investidores que comprarão esses ativos hoje e terão retornos muito grandes no longo prazo ao pegarem o mercado em um ciclo ascendente com ativos que conseguiram comprar por preços mais baixos,” disse Bruso.

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